quarta-feira, 30 de março de 2011

Contra a violência estúpida: comunidade no controle!

por Nelmara Arbex

No meio de notícias sobre a catástrofe de Fukushima e a rebelião democrática nos países árabes, vejo uma notícia com cheiro de notícia cotidiana chocante, que me chama a atenção na TV inglesa BBC: um homem de 35 anos e uma menina de 5 anos foram baleados por acaso num subúrbio no sul de Londres.

Fiquei chocada! Parecia coisa de São Paulo ou Rio, ou das cidades africanas, ou dos confrontos palestinos, mas nada a ver com a cidade super agitada e super civilizada que eu conheço. Uns 10 policiais cercaram o local e estão –literalmente- de joelhos buscando qualquer indício dos criminosos. Uma dedicação de dar gosto a brasileiros como no’s, desacostumados a esta demonstração de interesse em resolver uma caso destes . O repórter explica que uma família estava numa pequena loja quando 3 adolescentes negros entraram, mas estavam sendo perseguidos por outros 3 de bicicleta que, armados, atiraram dentro da lojinha e acertaram no homem e na menina.

O repórter fala com as pessoas do bairro que passam por ali e pergunta como elas se sentem, do mesmo jeito que fazem os repórteres da TV no Brasil, por exemplo falam com uma senhora negra acompanhada de sua filhinha, disse que estava muito assustada, e depois fala com outro passante, um homem quase branco, de cerca de 40 anos, que olhou para a câmara e disse algo que mudou meu dia:

- - " " A comunidade odeia isto. Aqui vai nosso recado para estes caras, eles devem se entregar para a polícia porque se a comunidade colocar a mão neles, vai ser muito ruim para eles!"

Fiquei ali parada e pensei como este cara era inteligente! Pense bem: ele mandou um recado para os criminosos ficarem com medo de aparecerem por ali, ele não se comprometeu feito um machão dizendo que ele pessoalmente se vingaria e ainda por cima fez um chamado a comunidade para ficar alerta.

Adorei!

Porque se tem uma pergunta que me faz pensar horas e’ como vamos achar uma forma inteligente, não violenta, de parar a violência urbana imbecil e armada?

Talvez a resposta seja mesmo algo assim: a comunidade -sem rosto- no controle!


quarta-feira, 16 de março de 2011

Brasil: preparado para fazer 55 Angras e evacuar por uns 250 anos?

foto: explosão em Fukushima, Japão

por Nelmara Arbex

O Brasil esta planejando 55 novas usinas nucleares, segundo a Petição Pública publicada ontem. O que voce acha disto? O mundo acha que estamos loucos.

Ha' dois dias, a respeitada revista “Der Spiegel”, onde vários partidários da energia nuclear trabalham como analistas e editores, anunciou ontem em sua edição especial que “Fukushima marca o fim da era nuclear”.

A primeira matéria de uma seqüência que explica como os acontecimentos no Japão fizeram o governo alemão rever rapidamente sua política de permissão de funcionamento de suas usinas nucleares, iniciando assim uma discussão que levara' ao fechamento de várias usinas em funcionamento. Ja' ontem, 15 de marco, a Alemanha anunciou que sete usinas estao sendo fechadas, aquelas que foram inauguradas antes de 1980. (Qual e’ mesmo a idade da alemazinha “Angra”? Isto mesmo, e’ ainda um pouco mais velha.)

A decisão do governo alemão foi tomada rapidamente, abalados pelo desamparo que o Japão demonstra diante das catástrofes nucleares ocorridas, num país considerado excelência em segurança. E claro que a opinião pública e a proximidade de eleições contam, mas os infinitos e profundos debates na TV demonstram a seriedade do tema num país onde 17 usinas geravam 25% da energia do país.

O efeito domino’ que esta política causara' em toda a Europa e’ ainda difícil de imaginar, mas as dúvidas em medidas de seguranças são tão grandes que são suficientes para a revista anunciar "o fim da era nuclear", tamanho o desastre que mesmo as usinas mais seguras podem causar.

E no Brasil? "Nem pensar!" Como declarou o governo ontem.

No Brasil vamos orar a todos os santos que protejam Angra. Pois, claro, estamos super preparados para evacuar a região de Angra a qualquer momento e abandonar a área por uns 250 anos... sem problemas... Venhamos e convenhamos, precisamos tanto desta energia que o risco vale a pena. Vamos manter todas funcionando a todo vapor, certo?

Mais do que isto, estamos planejando 55 novas usinas!

Difícil expressar minha opinião diante de tanta irresponsabilidade das autoridades brasileiras. Este e’ um risco de dimensões inimagináveis. Não e’ como devastar uma floresta, ou destruir rios e ecossistemas inteiros, e’ muitíssimo maior que isto.

Vou assinar a Petição Pública e tudo o mais que puder fazer contra esta irresponsabilidade sem tamanho. Saiba mais sobre campanhas no Brasil - aqui.


domingo, 6 de março de 2011

O que e' que a banqueira islâmica tem?


Miss Raja

Seguindo com a apresentação de exemplos surpreendentes de mulheres no mercado ético islâmico de ações, hoje apresento Te Maimunah Raja, outra visionária construindo o que ela acredita ser um setor financeiro sustentável.

Te Maimunah Raja, e’ a chefe global dos Mercados Islâmicos na Bursa Malaysia, a bolsa da Malásia. Lá, ela é diretora do Islamitische Exchange, onde as ações que seguem as regras “sharia” são negociadas.

Como disse na postagem anterior, estes investimentos seguem os princípios da lei islâmica (Sharia) e sua aplicação prática através do desenvolvimento da economia islâmica. Sharia proíbe o pagamento ou a aceitação das taxas de juro dos empréstimos de dinheiro (Riba, usura), para termos específicos, bem como investir em empresas que fornecem bens ou serviços considerados contrários aos seus princípios (haram, proibido). Ativos Shariah-compliant atingiram US $ 400 bilhões em todo o mundo em 2009, de acordo com a Standard & Poor's Services, e o mercado potencial é de US $ 4 trilhões. Irã, Arábia Saudita e Malásia são os principais ativos sharia conformes.

Radja Te construiu sua carreira profissional como uma especialista em bancos de investimentos convencionais e tem dezoito anos de experiência no setor financeiro. Antes de trabalhar na Bursa Malaysia, foi diretora corporativa e principal líder da área de Negócios Internacionais e Finanças da Casa Kuwait (Malásia), onde foi responsável pela expansão regional e pelo estabelecimento de escritórios em Cingapura e na Austrália.

Ela trabalhava para bancos de investimentos antes de sua atual posição no banco islâmico na Malásia e no Oriente Médio. Sobre essa transição, ela diz: "Posso ver a ascensão do sistema bancário islâmico, e eu queria escrever esta história". Esta decisão a levou à sua nomeação como chefe de mercados globais islâmicos da Malásia.

Raja Maimunah normalmente não usa véu. Ela faz uma única exceção, caso se reúna com os estudiosos da sharia, quando ela então usa um lenço na cabeça. Por seu caráter liberal, Maimunah lentamente mudou os limites e as tradições do mundo islâmico.

Ela tem um grau de bacharel e titulo “honoris causa” da Universidade de East London.

Vamos criar as nossas regras "sharia" brasileiras e mudar o nosso sistema financeiro? Se a história do mundo islâmico se repetir, vamos precisar de muitas mulheres para isto...