sábado, 30 de outubro de 2010

Urgente Avaaz - do "Ficha Limpa" ao 'Salve as baleias"




por Nelmara Arbex

E’ preciso agir super rápido, propõe o Avaaz (melhor se acostumar com este nome).

Este mesmo poderoso e inteligente site de ativismo cibernético que ajudou no’s brasileiros a fazermos a petição para mudança de legislação “campanha ficha limpa” está numa campanha emergencial internacional, por uma causa que eu apoio: a proteção das baleias.

O Avaaz está coletando assinaturas para mudar a legislação de internacional de caça `as baleias.

Não perca tempo, entre neste link, faca a sua parte, envie aos seus amigos.

E pense bem antes de votar amanhã...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Filminho para acordar candidatos: agronegócios, direitos humanos, desmatamento



por Nelmara Arbex

A TV alemã começou uma semana de documentários sobre a questão da produção de alimentos e sobre a fome. (Se quiserem saber mais, me escrevam.)

O filme de hoje “Hunger” (Fome) passa pelo Kenia – onde comunidades estão morrendo de fome porque os grandes produtores rurais desviam os leitos dos rios para irrigar campos de flores para exportação; pela Índia – onde os agricultores que plantam algodão transgênico comentem suicídio frente ao desespero da fome que inesperadamente os assola; pelo Haiti – onde a população não sabe ou não quer mais plantar nada e morre faminta ao redor de cidades sujas e paupérrimas; e claro, pelo Brasil.

Quando chega no Brasil o documentário visita enormes campos amazônicos recém saqueados pela retirada de madeira ilegal, depois os transformados em pasto, depois passa por iiiiimmmmeeeensssaaas plantações de soja e grãos. Quem tem duvida se o desmatamento esta avançando sobre a floresta –como eu tinha- vai se convencer depois destas cenas singelas.E de helicóptero localizam facilmente 600 hectares de floresta que recém viraram plantações, entre vários outros desmatamentos ilegais facílimos de ver.

O documentário entrevista ainda pequenos produtores locais amazônicos sendo escorraçados pelas grandes empresas agrícolas e coleta denuncias de assassinatos nas grandes plantações do Mato Grosso. Ainda entrevista o prefeito de Sorriso, que não tem duvida de que “o meio-ambiente esta ai' para servir o homem, que claro e’ soberano”.

Tudo ali na cara do telespectador. Nada de exageros. Tudo simplesmente mostrado. De fácil acesso. Qualquer cidadão poderia perguntar o que eles perguntaram. Qualquer candidato também.

E sabemos disto tudo, não e’ mesmo? O que podemos fazer para que o Brasil não seja esta imagem do pouco caso? O que planejam fazer os candidatos? E pensar que temas como estes foram um dia bandeiras do Partido dos Trabalhadores... me lembro muito bem.

As recentemente publicadas declarações de Dilma sobre “tolerancia zero com desmatador”, cheio de palavras fáceis e soluções rápidas não me convencem. Esta e’ uma situação gravíssima, sem solução fácil, mas que precisa ser urgentemente discutida e enfrentada.

Mas ainda não ouvi Serra falar sobre isto. Acho que foi corajoso quando quebrou a patente dos remédios para AIDS e conseguimos distribuir quase gratuitamente os medicamentos a pacientes brasileiros, com fabricação própria. Seria genial usar esta coragem para enfrentar os dilemas da área do desenvolvimento/grandes empresas X florestas X pequenos produtores. Mas parece que ele ainda esta precisando de uma bussola para acertar o rumo...

Um dia os desesperados pela miséria e pela fome (miséria definida em termos de falta de educação ou perspectivas) vão migrar e avançar sobre as populações mais ricas, e nada vai para’-los porque eles não tem mais nada a perder. Não acho que estamos longe deste momento. E’ preciso fazer algo para que isto não continue”. Assim termina o documentário, com as palavras da impressionante Suman Sahai – especialista na relação entre tecnologia genética e fome, que aparece na foto acima.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

de Boston - Prosperidade X Pegada ecológica




por Nelmara Arbex

Aqui estamos nós num auditório da Harvard Business School, umas 60 pessoas, discutindo como vamos desenhar uma ferramenta para podermos ter uma visão geral dos impactos sociais e ambientais das atividades empresariais. "Integrated reporting: An Action Plan".

Que tipo de relatório de impacto de atividades deveriam as empresas produzir para que pudéssemos reduzir a “pegada sócio- ecológica “ destas atividades, e talvez, podermos de verdade pensar em um modelo de desenvolvimento onde prosperidade não signifique destruição?

Concordamos que os relatórios de sustentabilidade atuais não estão cumprindo este papel, apesar de serem ferramentas poderosas para melhoria da gestão e de transparência – precisaríamos ter muito mais deles e em formatos melhor definidos para que cumprissem o papel que gostaríamos que cumprissem. Concordamos também que os atuais relatórios financeiros tampouco servem ao seu propósito. Além de muito a ser feito na definição do conteúdo deles (ambos), deveríamos– por exemplo- ser capazes de organizar a informação contida neles de uma forma internacionalmente aceita e de fácil acesso (talvez em tempo real, monitorada em todo o planeta ?).

Na sala estão os(as) líderes das organização de contadores e auditorias, representantes de fundos de investimento, especialistas da universidade de Harvard, líderes de ONGs globais ligadas a questão de relatórios de sustentabilidade, empresas, e outros interessados nesta conversa.

Papo super interessante. Boas cabeças ligadas. Mas so’ o começo de uma jornada que deve ainda levar uns 10 anos...

Malu Pinto,consistente pensadora e gestora dos temas de sustentabilidade reconhecida internacionalmente, do Banco Santander do Brasil, esta' tambem aqui. Com as antenas ligadíssimas.
ps: para saber mais sobre esta imagem clique aqui

domingo, 10 de outubro de 2010

Serra ou Dilma? Quem vai encarar esta de sustentabilidade?


por Nelmara Arbex

O desafio da sustentabilidade e’ um desafio bem simples: como continuamos crescendo e consumindo mais e melhor sem destruirmos tudo `a nossa volta? Sem que -para que paguemos preços baixos - precisemos ter trabalhadores famintos, semi-escravos, escravos ou crianças produzindo nossos produtos? Ou para que produtos em larga escala não estejam impregnados de tóxicos empesteando tudo, literalmente tudo,`a nossa volta?

Ninguém e’ contra a idea de repensarmos como estamos buscando “desenvolvimento”, mas o fato e’ que a civilização contemporânea se meteu numa enrascada, quando definiu crescimento ou desenvolvimento ou “bem estar” principalmente através do que se pode produzir, vender e comprar. Aí... bem, aí chegamos onde chegamos. Fontes naturais esgotadas, natureza intoxicada, animais em extinção e direitos humanos e trabalhistas ameaçados.

E agora temos que pensar como vamos sair desta. Filhos e netos que hoje tem 10 anos de idade ou menos já’ não verão a natureza como nós a conhecemos. Nem pensarão em petróleo como uma bênção. Nem poderão fingir que não sabem que preços baixos significam altos preços sociais e ambientais.

Toda esta conversa de sustentabilidade não e’ muito mais complicada do que isto. Não tem muito segredo.

Mas mudar o jogo todo vai precisar coragem e em época de eleição coragem e' o que falta.

Marina era sem duvida a candidata que melhor entende este dilema, ela e seus assessores. Mas nem ela colocou o dilema assim com todas as letras sobre a mesa. Será porque o eleitor não esta' preparado para este papo? Não estamos preparados para o futuro que vem – inexoravelmente- em nossa direção?

Como nos prepararemos para enfrentarmos ele? Com certeza não será conseguimos bilhões para investir em mais petróleo da Petrobras... mas talvez se usarmos todo este dinheiro para treinarmos e equiparmos uma enorme tropa de super modernos guardas florestais movidos a helicópteros com combustíveis verdes e fotos de satélite em tempo real em parceria com Google?

Uma das razões da falta de coragem para colocar este papo na mesa e’ o fato de que numa população com problemas urgentes o voto e’ imediatista. Papo de futuro nao ganha eleição.

Outra razão e’ que o tema da sustentabilidade precisa de muitos outros aliados: legislação, bancos e empresários. A construção deste caminho não e’ uma tarefa que pode ser ganha somente pelo eleitor/consumidor, mas claro que podemos e temos que fazer a nossa parte.

E agora? Sem Marina, sobram Serra e Dilma.

Não interessa quem você escolha, mas não se esqueça de este futuro vem vindo bem em nossa direção e vamos ter que lidar com ele. Qual dos dois pode encarar esta da melhor forma? Pois o(a) próximo(a) presidente vai ter que encarar esta, de uma forma ou de outra...

PS:
Disto andou falando Pedro Passos, acionista e co-criador da Natura, para o programa Grandes Líderes da Revista Exame. Valhe a pena dar uma olhada.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Planeta Lula: a etnia Xucuru que se cuide...





por Nelmara Arbex

“A maioria dos brasileiros acha que Lula mudou o país para melhor” ou “Lula redescobriu o Brasil” ou “Planeta Lula” ou “ O gigante adormecido acordou” ou ainda “ Brasil passou batido pela crise” – todas estas frases de efeito foram usadas na matéria de página inteira publicada ontem no maior jornal de Berlim -Der Tagespiegel- com o título “O gigante desperta”.

Depois deste início cheio de adjetivos para Lula, o jornalista Bernardo Gutierrez de Recife descreve o programa Luz para Todos, Minha casa, Bolsa Família, Fome Zero, etc.

“De onde vem o dinheiro para os programas?”, pergunta-se o jornalista, e induz: Por exemplo dos impostos arrecadados com o crescente agronegócio, como o plantio de soja. 70 milhões de toneladas no ultimo ano.

Aí o jornalista da’ espaço para o líder João Pedro Estedile do MST dizer que 46.911 donos de terras são donos de 50% das terras do Brasil. Para promover esta expansão utilizam pesticidas de forma generosa – O Brasil e’ campeão mundial em uso de pesticidas - e plantam a segunda maior área do planeta com sementes geneticamente manipuladas (apesar das restrições legais). O país teve 194 conflitos de terra somente no Nordeste neste ano de 2010, onde grandes proprietários de terra acabam de expulsar a etnia Xucuru de suas terras.

O jornalista conclui que a reforma agrária, os conflitos em torno da terra, a proteção da reservas naturais e dos povos indígenas não foram o forte da gestão Lula.

E assim segue o país como a oitava economia do planeta, com um dos mais influentes líderes mundiais a sua frente, que exportava 26% para os Estados Unidos – de frutas a aço, de granito a mesas – hoje exporta somente 10% aos norte-americanos, mas exporta 14% para China e outros tantos para África. Assim funciona o Planeta Lula, conclui o jornalista.

fotos de Bernardo Gutierrez, em Suape e em Caete, cidade onde Lula nasceu, para Der Tagespiegel