sábado, 26 de fevereiro de 2011

Mulheres supreendentes! A frente dos bancos éticos islâmicos!


Miss Grewal

Esta semana tive a agradável surpresa de descobrir que um batalhão de mulheres islâmicas estão a frente de fundos que tem critérios sócio-ambientais e éticos que trazem prosperidade e estabilidade econômica.Veja este link.

Elas dizem que estes bancos super-rentáveis e que passaram longe da crise, não o fazem porque são pós-modernos, mas porque seguem antigas leis islâmicas: são parte do sistema financeiro islâmico. Assim são conhecidos os bancos que se referem a um sistema de atividade bancária que é consistente com os princípios da lei islâmica (Sharia) e sua aplicação prática através do desenvolvimento da economia islâmica. Sharia proíbe o pagamento ou a aceitação das taxas de juro dos empréstimos de dinheiro (Riba, usura), para termos específicos, bem como investir em empresas que fornecem bens ou serviços considerados contrários aos seus princípios (haram, proibido). Embora estes princípios foram utilizados como base para uma economia florescente em tempos anteriores, é só no final do século 20 que uma série de bancos islâmicos foram formados para aplicar esses princípios para o privado ou semi-privados estabelecimentos comerciais no seio da comunidade muçulmana.

Ativos Shariah-compliant atingiram US $ 400 bilhões em todo o mundo em 2009, de acordo com a Standard & Poor's Services, e o mercado potencial é de US $ 4 trilhões. Irã, Arábia Saudita e Malásia são os principais ativos sharia conformes.

E estas mulheres vieram de muitos países do mundo, inclusive europeus para viverem o sonho de dirigir bolsas de valores e fundos de investimento que não são “cassinos”, mas verdadeiros impulsionadores da economia.

Para começar uma sequência de matérias surpreendentes com estas mulheres, apresento aqui a primeira delas: Miss Baljeet Kaur Grewal.


Baljeet Grewal Kaur é diretora e economista-chefe na Casa de Finanças do Kuwait (KFH). Em sua capacidade como Economista-Chefe, Baljeet encabeça a equipe de pesquisa em Economia Global & Investment equipe na KFH, o primeiro banco islâmico em todo o mundo a ter uma presença notável de investigação.

Antes disso, Baljet foi executiva do Aseambankers Malásia, ABN AMRO Bank e Deutsche Bank, em Londres, com experiências que variam de Estruturação de Crédito e Mercado de Capitais e Pesquisas Econômicas. Ela tem uma vasta experiência em bancos de investimento, participou de estruturação de fundos com aplicação da lei islâmica que levou a um aumento notável das Operações na Ásia e no Oriente Médio.

Surpresa! E vem mais por ai' na próxima semana.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Empresas transparentes?


por Nelmara Arbex

Papos de futuro, de segunda a sexta. Assim passou voando esta semana super interessante que teve o tema “futuro dos relatórios empresariais” na mira.

Comecei segunda e terça com meu time apresentando uma proposta de como empresas poderiam relatar melhor suas atividades relacionadas com as questões dos direitos humanos, gênero e relações com comunidades (documento chamado versão G3.1 das diretrizes GRI).

A apresentação foi para o Conselho de Stakeholders da Global Reporting Initiative (GRI). Um comitê de mais de 40 pessoas de todo o mundo representando interesses de empresas, ONG’s e especialistas em diversas áreas da sustentabilidade. Tentei escutar suas idéias, o que estão planejando, suas perguntas e seus interesses. O Brasil esta representado ao lado de noruegueses, espanhóis, sul-africanos, norte-americanos, coreanos, australianos, filipinos, malaios, indianos e tantas outras nacionalidades. Excelente representação a brasileira.

Quarta e quinta, foi a vez de apresentar planos temperados ao Conselho da GRI. No conselho minha apresentação foi sobre o projeto da nova geração relatórios de sustentabilidade – G4. Um privilegio poder discutir estas idéias com este time.

De quebra papos sobre o novo livro do John Elkington e horas com Roberto Waack, contando sobre o fascinante mundo do FSC, cujo conselho ele lidera, que o leva a conhecer por dentro florestas do Japão e da Califórnia, do Brasil e do Congo, do Canadá e da Polônia, entre outras. Incontáveis e mágicas experiências sobre recentes ou milenares práticas de reflorestamento e sobre as pessoas que protegem estas florestas.

Na sexta, papo prolongado com Ralf Frank da DVFA/EFFAS, quebrando a cabeça sobre as diferentes métricas utilizadas em relatórios empresariais para expressar a performance sócio-ambiental das empresas.

Prepare-se: se depender desta turma, os relatórios empresariais vão mudar muito nos próximos anos!


PS:

E para fechar esta semana inspirada, fui hoje dar um bom passeio de bicicleta e depois ao cinema assistir “O discurso do rei” (The King’s speech). Super-recomendo!


sábado, 12 de fevereiro de 2011

Julia: viver com 7 bilhões vai exigir muito bom humor e boas idéias



por Nelmara Arbex


Ha' três dias nasceu Julia Charlotte, filha dos queridos Leontien e Robert, aqui em Amsterdam. Neste mesmo dia, antes de receber a notícia, comprei o último número da National Geographic que anuncia na capa a nova marca populacional do planeta: “ Population 7 billion – how your world will change” (População 7 bilhões – como seu mundo vai mudar).
Quando eu nasci, na década de 60, a população do planeta estava por volta dos 3 bilhões. Não há mais rios ou mais terra, nem mais metais ou mais ar fresco do que tínhamos então, mas as mesmas reservas tem que agora sustentar 7 bilhões de pessoas, mais do que o dobro. Se o crescimento continuar mais ou menos nas mesmas condições de agora , quando Julia tiver 15 anos seremos 8 bilhões, quando tiver 35 anos seremos 9 bilhões. E na média consumimos por pessoa mais do que antes.
Quanto pode a Terra suportar? Que modelo de desenvolvimento pode oferecer as melhores condições de vida para o maior número de pessoas possível? O que podemos fazer agora para garantir este futuro? Estas são as principais perguntas do nosso tempo que vão estar presentes no cotidiano de Julia.
Talvez um dos pontos mais interessantes da matéria e’ a explicação de que, neste momento cerca de 1,8 bilhões de mulheres estão na idade da maternidade. Se elas tiverem uma criança a menos do que as mães delas tiveram, chegaremos em 2045 com cerca de 8 bilhões, se mantiverem o mesmo número seremos 10,5 bilhões.
E lembre-se de que a China – com 1,5 bilhões de habitantes - sobretaxa com impostos pesados famílias com mais de uma criança. Se não tivessem iniciado esta política desde 1979 a população planetária seria neste momento ainda maior.
No modelo de desenvolvimento atual cerca de 1 bilhão de pessoas estão sofrendo doenças relacionadas ao não acesso aos recursos básicos como água ou alimentos.
Mas como não vamos mudar este rumo na próxima década muitas organizações fazem um chamado por idéias criativas para melhorarmos a vida de quem já está aqui ou estará por aqui em breve, como a Population Fundation”. Há quem diga que o melhor a se fazer e’ garantir crianças bem alimentadas e educadas na escola para que elas tenham boas ideais, pois vamos precisar de todas elas.
Uma das formas de fazer isto também e’ repensarmos nosso modelo de consumo. Consumir de forma diferente, principalmente na escolha dos alimentos e como utilizamos produtos químicos, como falamos neste blog recentemente.
E claro que precisamos fazer tudo isto aproveitando muito desta aventura inenarrável que e’ estar vivo no planeta Terra!
Muita diversão, saúde e inspiração para você Julia! Bem-vinda!

ps: imagem publicada pela National Geographic. Veja o video.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Orgânicos diretamente da fábrica! Na China!



por Nelmara Arbex

A princípio não parece tão inovador e fundamental para um futuro sustentável, mas eu acho que vale a pena pensar bem nisto.

Uma grande questão na China e’ a produção e transporte de alimentos frescos e de alta qualidade para seus centros urbanos, e de forma sustentável, já que os recursos são escarços e precisam ser renováveis. Vamos começar lembrando que a China tem 12 cidades com mais de 5 milhões de habitantes, sendo 3 acima de 10 milhões. Imagine todo este povo comendo e utilizando água todos os dias...

Pois em agosto passado o governo municipal em Pequim (hoje Beijing) começou a operar um tipo de máquina que pode mudar toda a logística alimentar e o impacto que a produção e o nosso consumo de alimento faz ao planeta: uma estufa gigante totalmente controlada por computador.

A estufa tem 1.289 metros quadrados e está no distrito de Tongzhou em Pequim. Pode produzir 15 milhões de unidades por ano - de cabeças de alface a flores e frutas. O sistema computadorizado regula cada pedaço do ambiente para garantir o crescimento dos vegetais da melhor forma e com melhor qualidade possível, sem uso e agrotóxicos ou pesticidas.

“As plantas crescem numa produção líquida, numa produção em série e o sistema controla temperatura, luz, umidade, e quantidade de nutrientes”, disse Tian Zehn diretor do Instituto para Automatização da Agricultura, de Pequim.

O projeto do instituto contou com a expertise da corporação Jingpeng International Hi-Tech para desenvolver este sistema, que funciona com um gerador solar de 15 kilowatt de potencia.

As principais diferenças entre esta e as estufas que estamos acostumados são a variedade de alimentos que pode produzir, o excelente gerenciamento dos recursos naturais, e o fato de que pode ser instalada em qualquer lugar e clima.

Se a humanidade vai mesmo morar em centro urbanos com centenas de milhares de pessoas- como já’ estamos fazendo no Brasil - produzir alimentos de alta qualidade,o mais próximo possível do consumidor, sem desperdício de recursos naturais e sem poluentes e’ chave para reduzirmos nosso impacto negativo. (Em nota anterior deste blog tratei do fato de que o consumo de alimentos em áreas urbanas já’ representam hoje o maior impacto ambiental do planeta. Muito mais que todos os outros fatores da nossa vida cotidiana, como o transporte, por exemplo.)

Ale'm disto, as atividades agrícolas que podem ser confinadas desta forma, deixariam de competir em espaço e recursos com os biomas naturais, reduzindo também a possibilidade de mistura genética destas espécies -tão especificas selecionadas por razoes comerciais- com a imensa variedade de espécies naturais que o planeta gentilmente oferece.

E aí? Vamos fazer umas destas onde estão hoje galpões abandonados ao redor de nossas cidades?