segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nike X adidas: quem descontamina primeiro? Uma competição!

por Nelmara Arbex

DETOX! O Greenpeace lançou em julho uma campanha inteligente: desafiou as duas maiores empresas de assessórios esportivos a competir pela limpeza dos rios da China. Veja um dos videos.

Durante uma investigação recente o Greenpeace conclui que entre os maiores poluidores dos rios e mares da China estão as industrias têxteis e seus fornecedores, e entre elas estão nossas marcas preferidas, como Nike e Adidas.

Claro que este e’ só o comecinho da estória, já’ que a poluição química global e’ desnecessária e assustadora.

Mas para começar uma campanha com as empresas ajudando a encarar este problemão, o Greenpeace desafiou as empresas de materiais esportivos a se engajarem e competirem para parar a poluição tóxica de seus fornecedores na China. E assim também “limpar” os produtos que nos vendem cheio de material tóxico perigoso.

A Nike topou e saiu na frente. Nike! Nike! Nike!

Entre tambem nesta e assine a petição!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como tomar decisões para um futuro sustentável?




por Nelmara Arbex

Com poucas regras, uma grande festa e dando problemas grandes e concretos para gente empoderada dar um jeito.

Fui `a Malásia, para uma cidade chamada Kota Kinabalu, para a conferência e assembléia do FSC (Forest Stwardship Council) que acontece a cada 3 anos. Depois de umas 14 horas de vôo, 2h de espera e um desembarque num aeroporto na ilha errada, cheguei `a cidade na costa da ilha de Borneo.

A paisagem e’ um sonho. A pobreza fácil de ver. A cidade, na verdade um enorme hotel, foi o cenário de dias de negociações, discussões, noites em claro cheias de trabalho, palestras e uma grande festa cheia de energia. Todos estes foram ingredientes deste fórum que tem muito a ensinar para organizações locais, nacionais e mundiais.

Fui como palestrante para a conferência e observadora da assembléia.

As decisões do FSC são tomadas por 3 câmaras: a econômica, a social e a ambiental. As decisões podem ser sobre novas regras que devem ser respeitadas pelas indústrias que fazem manejo responsável de florestas ou podem ser sobre regiões nas quais o FSC não deveria certificar nenhum tipo de atividade florestal. Nenhuma proposta pode ser aprovada se uma das câmaras votar contra.

As negociações são para que os membros afinem suas propostas e negociem dentro de suas próprias câmaras e depois com as outras . Estas regras simples e bem-boladas geram uma dinâmica impressionante de discussões e negociações que vão `a raiz dos problemas e conseqüências de cada proposta.

Os membros tem 3 meses para apresentar propostas de forma virtual, dois dias de reuniões cara-a-cara para negociações e dois dias para votação. Uma vez em plenário as propostas não podem ser modificadas de nenhuma forma. Os crachás dos votantes tem um código de barra que controla o quorum em tempo real o tempo todo. Mais de 50 propostas foram votadas nos dois dias de assembléia. Ninguém pisca.

Uau!

Quem dera Copenhagen ou o congresso brasileiro fosse dividido em câmaras como estas, refletindo regiões e partidos, mas com foco nas áreas sociais, ambientais e econômicas.

No final uma festança com banda ao vivo e muitas horas dançantes, uma catarse para fazer as pazes com todos. Mais de 500 pessoas super empoderadas celebrando. Uma energia inesquecível.

E o Brasil, com representantes como Suzano, Klabin, Veracel, Imaflora, Amata, WWF, Amigos da Terra, Confederação dos Trabalhadores da Amazônia e Escola de Lutheria, estava bem representado. Brasileiros também estão no Conselho e na direção executiva da entidade.

Hora de trazer esta experiência para casa... no Brasil.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Indústria florestal e proteção das florestas: o que você consumidor tem a ver com isto?







por Nelmara Arbex

Em junho estive no Brasil, entre outras coisas, para entender um pouco melhor a indústria florestal do país.

O Brasil planta muita árvore neste momento: para indústria de papel e fibras; para indústria moveleira; planta palmeiras de frutos oleaginosos (palm oil e outras) e outras palmeiras para vários setores; árvores frutíferas também para indústria alimentícia; seringueiras para a indústria de látex; árvores são plantadas como parte de créditos de carbono comprado por empresas nacionais e internacionais (que contratam empresas para plantar árvores para elas como forma de capturar o carbono emitido pelas suas operações - árvores são feitas de matéria a base de carbono, como todos os seres vivos); e para reflorestamento como recuperação de áreas degradadas. De forma bem geral, estas são as principais categorias de plantio de árvores no país.

Atualmente a maioria destas plantações ocorre em áreas que já estavam desmatadas pela agricultura ou em áreas que foram desmatadas de forma ilegal, mas, como não ha’ como reconstruir o eco-sistema destruído, a saída e’ fazer uso comercial da terra que ficou depois da degradação.

As mudas são geneticamente manipuladas ou selecionadas para oferecer alta produtividade. Importante ressaltar que este tipo de plantio para uso comercial de larga escala e’ um negocio de longo prazo. Em todos os casos citados acima – mesmo com melhorias genéticas importantes- o tempo mínimo para corte ou aproveitamento da matéria prima e' de cerca de 5 anos, podendo chegar a 30 anos.

O Brasil também faz “colheita” de árvores, não porque retira frutos ou resinas de árvores em áreas de floresta (como a castanha do para' ou breu branco da indústria alimentícia e cosmética), mas porque corta árvores de florestas para comercialização. Este corte pode acontecer de forma planejada, para afetar o mínimo a floresta e garantir as próximas gerações de árvores, ou pode acontecer de forma “rasa”, quando as madeiras nobres são retiradas sem considerar a preservação do eco-sistema onde estão ou a futura geração das espécies. Esta forma “rasa” de retirar árvores não são sempre ilegais segundo nossa legislação, mas muitas vezes são. E depois da retiradas das árvores “comerciais” o resto e’ queimado para o chão ser utilizado como pasto ou ser então “classificado” como área para agricultura florestal ou de agronegócios.

Claro que em todos os casos, a indústria diz que e’ “o aumento da demanda pelos consumidores do Brasil e do mundo” que motiva os negócios a expandirem mais e mais. Outra vez, nós consumidores somos motivadores de atividades que nem sempre queremos motivar, certo?

Este e' um tema se'rio para o nosso futuro: a escala do nosso consumo e sua relação com a retirada de madeira sem planejamento, que e’ hoje a principal cúmplice de destruição de eco-sistemas a serem protegidos. Ele e' o sinal verde para o quem vem depois com seu negócio florestal ou de monocultura agrícola. E assim vamos “transformando” eco-sistemas importantes em áreas de agricultura “pois não ha’ mais nada a ser feito...”.

Como podemos de verdade proteger as florestas e eco-sistemas que ainda temos?

Será possível proteger as florestas virgens que nós- como poucos povos no mundo - ainda temos,com atividades florestas planejadas?

Será que a retirada planejada e madeira da floresta – como recomendado pelo FSC (Forestry Stwardship Council) pode mesmo ajudar? Ou ao contrário: da' selo de "madeira certificada" a quem esta destruindo, mas o esta fazendo mais lentamente?

Ou temos que – como propõe o Greenpeace – fazer campanha dura pelo desmatamento zero? Por que são eles então co-fundadores do FSC? Por que WWF comemora o manejo florestal no Brasil?

Sera' que relatórios como este - Inventa'rio Florestal Nacional - estão sendo feitos para proteger as florestas ou para vende^-las?

Hum... Melhor sabermos estas respostas rapidamente antes que “nós consumidores” tenhamos acabado com tudo...

Estas perguntas tem me levado a conversas importantes sobre os modelos de negócios sustentáveis sendo gerados hoje, em parte, para responder estas perguntas.

PS: Também me levaram `a conferencia do FSC na Malásia, que será o tema da próxima postagem.