quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como tomar decisões para um futuro sustentável?




por Nelmara Arbex

Com poucas regras, uma grande festa e dando problemas grandes e concretos para gente empoderada dar um jeito.

Fui `a Malásia, para uma cidade chamada Kota Kinabalu, para a conferência e assembléia do FSC (Forest Stwardship Council) que acontece a cada 3 anos. Depois de umas 14 horas de vôo, 2h de espera e um desembarque num aeroporto na ilha errada, cheguei `a cidade na costa da ilha de Borneo.

A paisagem e’ um sonho. A pobreza fácil de ver. A cidade, na verdade um enorme hotel, foi o cenário de dias de negociações, discussões, noites em claro cheias de trabalho, palestras e uma grande festa cheia de energia. Todos estes foram ingredientes deste fórum que tem muito a ensinar para organizações locais, nacionais e mundiais.

Fui como palestrante para a conferência e observadora da assembléia.

As decisões do FSC são tomadas por 3 câmaras: a econômica, a social e a ambiental. As decisões podem ser sobre novas regras que devem ser respeitadas pelas indústrias que fazem manejo responsável de florestas ou podem ser sobre regiões nas quais o FSC não deveria certificar nenhum tipo de atividade florestal. Nenhuma proposta pode ser aprovada se uma das câmaras votar contra.

As negociações são para que os membros afinem suas propostas e negociem dentro de suas próprias câmaras e depois com as outras . Estas regras simples e bem-boladas geram uma dinâmica impressionante de discussões e negociações que vão `a raiz dos problemas e conseqüências de cada proposta.

Os membros tem 3 meses para apresentar propostas de forma virtual, dois dias de reuniões cara-a-cara para negociações e dois dias para votação. Uma vez em plenário as propostas não podem ser modificadas de nenhuma forma. Os crachás dos votantes tem um código de barra que controla o quorum em tempo real o tempo todo. Mais de 50 propostas foram votadas nos dois dias de assembléia. Ninguém pisca.

Uau!

Quem dera Copenhagen ou o congresso brasileiro fosse dividido em câmaras como estas, refletindo regiões e partidos, mas com foco nas áreas sociais, ambientais e econômicas.

No final uma festança com banda ao vivo e muitas horas dançantes, uma catarse para fazer as pazes com todos. Mais de 500 pessoas super empoderadas celebrando. Uma energia inesquecível.

E o Brasil, com representantes como Suzano, Klabin, Veracel, Imaflora, Amata, WWF, Amigos da Terra, Confederação dos Trabalhadores da Amazônia e Escola de Lutheria, estava bem representado. Brasileiros também estão no Conselho e na direção executiva da entidade.

Hora de trazer esta experiência para casa... no Brasil.


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