por Nelmara Arbex
Já faz algum tempo que existe uma lista de práticas que devem ser consideradas por toda empresa que quer se dizer “responsável”.
No Brasil, desde o inicio dos anos 2000, com a publicação dos “Indicadores Ethos” de responsabilidade social, temos ai’ uma ferramenta básica para o gestor que quiser checar quão responsável sua empresa e’. Claro que a ferramenta-diagnóstico não tem como objetivo apontar soluções praticas e profundas neste campo, mas não deve ser menosprezada já a maior parte das empresas tem muito do “básico” para resolver. Mesmo empresas de grande porte e cheias de recursos ainda tem problemas em assegurar igualdade de oportunidades e salários para homens e mulheres, em apoiar sua rede de fornecedores para também serem implementadores de práticas responsáveis, e nem conseguem parar a destruição ambiental que suas atividades geram.
Assim, pode-se rapidamente entender que a atividade empresarial que esta’ hoje exposta - quase em tempo real - pelos meios de disseminação de informação como a internet, tem claramente mudado mas estas mudanças estão ainda longe de representar uma transformação radical na forma como se faz negócios e se distribui riqueza. Mas talvez o objetivo do movimento pela responsabilidade sócio-ambiental empresarial seja somente este mesmo: elevar o nível da prática empresarial a mínimos aceitáveis e esperados por toda a sociedade.
Bem... apesar de nobre e necessárias, fato e’ que estas melhorias não vão nos levar a uma sociedade onde recursos naturais se regenerem e onde todas as pessoas vivam melhor, com seguranca física, amplo acesso `a educação de qualidade e a serviços de saúde, incluindo todas as camadas da população. Para isto vamos precisar de algo mais.
E’ deste "algo mais" que a última conferência do Instituto Ethos em Agosto e as reuniões que tive em Boston em Junho trataram: qual deveria ser a próxima etapa do movimento de responsabilidade social empresarial?
Na "Conferência do Instituto Ethos - protagonistas de uma nova economia" a resposta foi: vamos discutir como as empresas podem concretamente contribuir para estabelecer uma “nova economia”, cujos pilares são o reconhecimento dos limites dos recursos ambientais, a transformação do conceito de “consumo” e a inclusão de todos que são afetados pelas atividades empresariais. O Instituto Ethos não esta sozinho nesta reflexão. A conferência das Nações Unidas “Rio +20” vem ai’ com bandeira parecida, apoiada pelos inúmeros projetos da UNEP na área de limites dos recursos ambientais e um exército de ONGs.
Nas reuniões de Boston outro aspecto desta nova fase foi explorado: podem as negócios abraçar causas que são diretamente ligadas aos seus negócios e, como conseqüência, mudar radicalmente? A bola da vez e’ a “Campbell's Soup” que decidiu colocar a redução da obesidade em 11 cidades americanas como parte de suas metas empresariais. Este comprometimento devera’ levar a empresa a redesenhar seus produtos de forma radical e todos ganham com isto.
De uma forma ou de outra, aqui estamos no's, outra vez, quebrando a cabeça para mover as empresas a serem motores da transformação que precisamos.
Será’ possível? Temos outra alternativa?
Talvez a única outra saída fosse a educação do consumidor para dar seu dinheiro somente as empresas que contribuíssem de forma clara para a regeneração dos recursos naturais e distribuição de riqueza social. Atualmente esta ainda e’ uma tarefa hercúlea ou impossível, já que para obter resposta a estas duas perguntinhas básicas a empresa precisaria medir o impacto de suas atividades de forma profunda e deveria publicar o resultado destas medidas. E para isto ainda não temos instrumentos...
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