segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não quer poluir aqui? Mande fazer na China!












por Nelmara Arbex

A ONG chamada WWF acaba de publicar um relatório chamado “China Ecological Footprint- Relatório 2010- Biocapacity, cities e desenvolvimento” que foi escrito em parceria com o conselho chinês para cooperação internacional para meio-ambiente e desenvolvimento. Um artigo mencionando o estudo foi publicado pela Folha.

Um das conclusões centrais e’ a confirmação de que o desenvolvimento econômico da China, como em qualquer outra economia do planeta, está poluindo em níveis que não podem ser re-absorvidos pelo meio-ambiente no território chinês. Ou seja, esta consumindo e poluindo acima de sua biocapacidade.

Apesar da China estar, juntamente com o Brasil, entre os países com maior biocapacidade no mundo e de ter conseguido aumentar a biocapacidade através de planejamento meticuloso da expansão e intensificação agrícolas, tudo isto não e’ suficiente para equilibrar as contas. Isto significa que em todo o mundo a natureza vai se alterar para acomodar este excesso de poluição.

E’ verdade que boa parte desta poluição e’ para produzir todos estes bens que estão a nossa volta todos os dias. 45% das importações de materiais na china são para produtos que serão exportados. Isto significa que a China esta usando a capacidade ecológica de seu território e de outras partes do globo para satisfazer nossos desejos e necessidades. A um alto custo para a população local e de outras regiões.

O governo chinês se comprometeu com metas expressivas de reduções de emissões, mesmo sendo um país que não contribuiu no total nos últimos 50 anos tanto quanto poluíram EUA, Alemanha e Inglaterra, por exemplo.

Negociações políticas a parte, a China (e os outros países poluidores) não pagara’ por esta conta sozinha. Todos nos pagaremos a conta. E’ assim que a mãe natureza funciona. Ela não vê os limites territoriais. Todo o sistema em todo lugar se reacomoda a todo momento. E todos nos vamos perceber.

Como o Brasil se “inspira” no modelo de desenvolvimento chinês, que e' o mesmo sendo implementado em todo o planeta nos ultimos 50 anos, seria muito bom se pudéssemos rever nosso modelo de desenvolvimento antes que chegássemos em situação parecida. Não sabemos produzir com impacto negativo zero em lugar nenhum, assim pagamos a conta em maior ou menor grau, por cada coisinha que produzimos e consumimos. No atual modelo de desenvolvimento (mais produção e mais consumo= desenvolvimento) esta conclusão e’ quase matemática.

Assim como todo planeta paga pela conta da destruição da Amazônia ou pela poluição das Águas.

E como temos somente um planeta, se para não poluirmos “em casa” mandamos fazer na China...pagamos a conta do mesmo jeito.

Biocapacidade em porcentagem da total do planeta.

source: Global Footprint Network, 2010

Brazil (14.1%)

U.S.A (11.3%)

China (9.5%)

Russia (7.6%)

Canada (4.7%)

India (3.6%)

Australia (3.0%)

Indonesia (2.5%)

Argentina (2.3%)

Bolivia (1.5%)

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