terça-feira, 30 de novembro de 2010

Inimaginável! Nossos maiores pecados ambientais são...

Qual são nossos maiores impactos ambientais cotidianos?


por Nelmara Arbex
O que se poderia fazer diariamente, relativamente simples, sem inviabilizar a vida, e que traria o maior impacto positivo para o meio-ambiente?
Esta foi a pergunta que me fez um amigo, como disse na postagem anterior.
Li daqui e dali, e cheguei a algumas conclusões interessantes: se falarmos de reduções de emissões, o nosso principal agente poluidor não e’ o carro de todos os dias, mas vem da rede de produção e distribuição que fazem e distribuem os produtos que compramos todos os dias, em casa, no trabalho. O impacto destes produtos e’ muito maior do que usar o carro na cidade ou viajar finais de semana. Comprar produtos que não são transportados de longe faz muita diferença. O mesmo raciocínio vale para a água. A maior parte da água que consumimos esta embutida na produção dos produtos que compramos.
Primeira conclusão: consumir menos e' a melhor forma de reduzir nossos impactos.
Mas o que será que consumimos que tem os maiores impactos ambientais?
Depois de muito perguntar, cheguei a dois blocos principais de produtos que são considerados os maiores causadores de impacto ambiental.

O primeiro grupo- alimentos! Não e’ surpreendente? Pois e’.
No grupo alimentos temos cálculos que demonstram que 70% da energia e água consumida no MUNDO, assim como da química com que empesteamos o meio-ambiente e’ causada pela produção de alimentos. E pior, nas grandes cidades mais desenvolvidas, apenas 50% do produzido e’ realmente consumido. O resto vira lixo, mesmo antes de chegar ao mercado. Isto significa que estamos plantando, empesteando, transportando, poluindo, mas não estamos comendo! Fazemos todo o ciclo para jogarmos fora!
Por quê? Uma parte e’ jogada fora porque não tem a aparência que o consumidor quer, que esta' ficando cada vez mais acostumado a alimentos lindinhos, sem perceber o tamanho desperdício que isto causa. Outra parte e' descartado por ser considerado “vencido”. Como se define o que esta' vencido? Na maior parte das vezes as próprias empresas definem a validade, que esta ficando cada vez mais curta, o que força os supermercados jogarem fora mais e comprar mais.
Estes números foram apresentados no documentário “Lixo Fresco” (Frisch auf den Muell). Sim, estamos falando de uma enorme operação global, que envolve transporte massivo de alimentos, químicas, etc, e.... para ser jogado no lixo. O documentário tambem pode ser visto no youtube.
Dai’ temos a primeira grande dica para esta família: compre comida não industrializada, e não jogue fora, e aprenda que a data de validade representa algo muito mais importante para o fabricante do que para o consumidor. (Pergunte ao PROCOM sobre definição de datas de validade e você vai descobrir um universo desconhecido.)

No segundo bloco: produtos que contenham alguma forma de componentes não biodegradáveis, e componentes químicos pesados.
A surpresa aqui não e’ tão grande. A lista de produtos a serem evitados começa com química caseira que não seja biodegradável, como cloro (cândida), creolina, sabão em pó, xampus, creme rinse, detergentes, tintura de cabelos, clareadores, etc. Mas a lista não para ai' não: plásticos, produtos eletro-eletrônicos são lixos químicos ambulantes, computadores, TVs, rádios, celulares, brinquedos eletrônicos, todas estas maquininhas são super tóxicas para produzir e para descartar. Para saber mais leia este documento.

Então o resumo no momento e’ este: quem come comida não industrializada, gosta da cara “natural e nem sempre linda” dos alimentos e não joga comida fora já sai na frente na guerra pelo planeta. Quem fica de olho nos selos biodegradáveis e evita comprar produtos contaminantes, faz outro golaço.
E ai’? Vai entrar nessa?

domingo, 21 de novembro de 2010

Qual seria a sua dica para esta família?




por Nelmara Arbex

Um amigo me perguntou o que eu recomendaria a uma família de classe média de uma cidade grande para mudar em seus hábitos e contribuir de forma significativa para redução da destruição ambiental. Deveria ser algo não tão difícil para fazer, mas que tivesse a maior chance de redução de impacto ambiental negativo.

Achei a pergunta difícil, fiquei imaginando se me perguntassem isto em público o que eu responderia.

E gostei da pergunta porque acho, como ele, que ninguém esta' a favor da destruição ambiental (*), mas que em geral não sabemos o que fazer para ter impacto significativo, sem mudar a vida que temos de forma radical em curto prazo. Ninguém se ajusta a mudanças radicais facilmente, nem quando elas são super positivas.

Pensei e cheguei a algumas conclusões muito óbvias, necessárias, mas muito genéricas, como por exemplo “consuma menos”, ou “deixe o carro em casa e vá de ônibus ou metro”, “consuma pouca água”. Apesar de tudo isto ir ao coração da questão, acho que o maior desafio seria dar uma dica que respondesse: o que se poderia fazer diariamente, que fosse relativamente simples, sem inviabilizar a vida mais ou menos como ela e', e que traria o maior impacto positivo.

Qual seria a sua dica?

Mais sobre minhas descobertas na próxima postagem.


(*)pensava que ninguém poderia imaginar destruir a natureza ate' eu descobrir que ha' grupos organizados de cidadãos americanos “pelo direito de destruir o planeta”... um deles se chama “drill baby drill” ... mas esta e' uma outra história. Ja' pensou se a moda ignorantepega?


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não quer poluir aqui? Mande fazer na China!












por Nelmara Arbex

A ONG chamada WWF acaba de publicar um relatório chamado “China Ecological Footprint- Relatório 2010- Biocapacity, cities e desenvolvimento” que foi escrito em parceria com o conselho chinês para cooperação internacional para meio-ambiente e desenvolvimento. Um artigo mencionando o estudo foi publicado pela Folha.

Um das conclusões centrais e’ a confirmação de que o desenvolvimento econômico da China, como em qualquer outra economia do planeta, está poluindo em níveis que não podem ser re-absorvidos pelo meio-ambiente no território chinês. Ou seja, esta consumindo e poluindo acima de sua biocapacidade.

Apesar da China estar, juntamente com o Brasil, entre os países com maior biocapacidade no mundo e de ter conseguido aumentar a biocapacidade através de planejamento meticuloso da expansão e intensificação agrícolas, tudo isto não e’ suficiente para equilibrar as contas. Isto significa que em todo o mundo a natureza vai se alterar para acomodar este excesso de poluição.

E’ verdade que boa parte desta poluição e’ para produzir todos estes bens que estão a nossa volta todos os dias. 45% das importações de materiais na china são para produtos que serão exportados. Isto significa que a China esta usando a capacidade ecológica de seu território e de outras partes do globo para satisfazer nossos desejos e necessidades. A um alto custo para a população local e de outras regiões.

O governo chinês se comprometeu com metas expressivas de reduções de emissões, mesmo sendo um país que não contribuiu no total nos últimos 50 anos tanto quanto poluíram EUA, Alemanha e Inglaterra, por exemplo.

Negociações políticas a parte, a China (e os outros países poluidores) não pagara’ por esta conta sozinha. Todos nos pagaremos a conta. E’ assim que a mãe natureza funciona. Ela não vê os limites territoriais. Todo o sistema em todo lugar se reacomoda a todo momento. E todos nos vamos perceber.

Como o Brasil se “inspira” no modelo de desenvolvimento chinês, que e' o mesmo sendo implementado em todo o planeta nos ultimos 50 anos, seria muito bom se pudéssemos rever nosso modelo de desenvolvimento antes que chegássemos em situação parecida. Não sabemos produzir com impacto negativo zero em lugar nenhum, assim pagamos a conta em maior ou menor grau, por cada coisinha que produzimos e consumimos. No atual modelo de desenvolvimento (mais produção e mais consumo= desenvolvimento) esta conclusão e’ quase matemática.

Assim como todo planeta paga pela conta da destruição da Amazônia ou pela poluição das Águas.

E como temos somente um planeta, se para não poluirmos “em casa” mandamos fazer na China...pagamos a conta do mesmo jeito.

Biocapacidade em porcentagem da total do planeta.

source: Global Footprint Network, 2010

Brazil (14.1%)

U.S.A (11.3%)

China (9.5%)

Russia (7.6%)

Canada (4.7%)

India (3.6%)

Australia (3.0%)

Indonesia (2.5%)

Argentina (2.3%)

Bolivia (1.5%)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lixo nuclear: e se fosse herança do império romano?


por Nelmara Arbex


Acabou hoje. 92 horas de manifestação ininterrupta, cerca de 5000 velhos, jovens e crianças com colchões, comida e tudo. Em volta deles se revezam 20 mil policiais. Pelos trilhos do trem entre eles se aproximam 123 toneladas de material altamente radioativo, que ficara' guardado nos próximos 100 a 10000 anos em túneis profundos perto da cidadezinha de Gorleben na Alemanha. Um armazém provisório. Não ha' armazém definitivo.

O carregamento vem da França onde foi tratado e embalado para ser guardado, como manda a legislação internacional. Os manifestantes sabem que não podem devolver o lixo, que e’ deles. Se trata de atrasar o transporte e chamar atenção de todos para mais um carregamento recorde de contaminação. O custo do transporte chegou a 50 milhões de euros.
São 12 mil toneladas de lixo atômico produzidos por ano mundialmente. Não ha' o que fazer com ele. Ha' propostas de guardarmos este lixo na Antártida, ha' também a idéia de enviar tudo para o sol. Alguns elementos demoram 24mil anos para serem totalmente neutralizados, como o Plutônio. A parte mais leve precisa de cerca de 2mil anos. Este e' o tempo necessário de armazenamento. Se energia nuclear tivesse sido utilizada na época do império romano, somente em nossos tempos o lixo estaria parcialmente descontaminado. Este e’ o legado do nosso tempo `as próximas gerações.
O banco PNB Paribas esta’ também no foco das campanhas como um financiador de energia nuclear, inclusive no Brasil, onde a tecnologia que o Brasil tem direito a usar e’ considerada ultrapassada e perigosa.
Pode imaginar a nossa precária situação se os romanos tivessem desenvolvido esta tecnologia dois mil anos atrás? Que sorte a nossa que não conseguiram e não contaminaram todo o planeta! Os próximos habitantes do planeta já não terão tanta sorte.

E aí ? Vai energia atômica aí meu povo?




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Recado para D. Dilma


por Nelmara Arbex

Excelentíssima senhora eleita presidente do Brasil, parabéns pela sua eleição!

Como mulher, não pude deixar de admirar o fato de que uma mulher esteja liderando este país, como o The Independent tão felizmente celebrou - juntamente com a imprensa mundial.

Tenho certeza de que todos os brasileiros estão torcendo para que a senhora faça um excelente governo. Que consiga combater a corrupção como nenhum homem foi capaz de fazer, que consiga proteger a saúde e a segurança da mulher como nenhum homem foi capaz de fazer, que consiga controlar o comércio de armas, que consiga fazer da escola pública uma celebração do aprendizado como era na minha época... e tantas outras coisas tão básicas e tão necessárias que nenhum homem ainda conseguiu fazer.

Guardarei com cuidado seu emocionado e comprometido discurso inaugural. Sem dúvida um documento que comprova suas melhores intenções.

E numa contribuição para a história da humanidade, espero que consiga colocar nossas melhores cabeças pensantes juntas para bolarmos um modelo de desenvolvimento que não signifique necessário aumento do consumo, da destruição do planeta e das proteções sociais.

E se em algum momento a senhora tiver alguma dúvida do quanto isto e’ necessário, de uma olhada neste contador de impacto humano sobre o planeta. E me diga se a senhora ainda teria alguma dúvida que estamos correndo contra todos os limites se continuamos com o modelo atual de desenvolvimento, se tem alguma dúvida que estamos comprometendo nosso futuro.

Principalmente agora, que o Brasil esta' se consagrando campeão de crescimento com este modelo, no mínimo, ultrapassado e alarmantemente destruidor... que so’ pode ser encarado e modificado se o governo resolver liderar as mudanças necessárias neste sentido.

Que a senhora e os 10 partidos que a apoiaram tenham coragem para fazer deste um excelente governo.