por Nelmara Arbex
O desafio da sustentabilidade e’ um desafio bem simples: como continuamos crescendo e consumindo mais e melhor sem destruirmos tudo `a nossa volta? Sem que -para que paguemos preços baixos - precisemos ter trabalhadores famintos, semi-escravos, escravos ou crianças produzindo nossos produtos? Ou para que produtos em larga escala não estejam impregnados de tóxicos empesteando tudo, literalmente tudo,`a nossa volta?
Ninguém e’ contra a idea de repensarmos como estamos buscando “desenvolvimento”, mas o fato e’ que a civilização contemporânea se meteu numa enrascada, quando definiu crescimento ou desenvolvimento ou “bem estar” principalmente através do que se pode produzir, vender e comprar. Aí... bem, aí chegamos onde chegamos. Fontes naturais esgotadas, natureza intoxicada, animais em extinção e direitos humanos e trabalhistas ameaçados.
E agora temos que pensar como vamos sair desta. Filhos e netos que hoje tem 10 anos de idade ou menos já’ não verão a natureza como nós a conhecemos. Nem pensarão em petróleo como uma bênção. Nem poderão fingir que não sabem que preços baixos significam altos preços sociais e ambientais.
Toda esta conversa de sustentabilidade não e’ muito mais complicada do que isto. Não tem muito segredo.
Mas mudar o jogo todo vai precisar coragem e em época de eleição coragem e' o que falta.
Marina era sem duvida a candidata que melhor entende este dilema, ela e seus assessores. Mas nem ela colocou o dilema assim com todas as letras sobre a mesa. Será porque o eleitor não esta' preparado para este papo? Não estamos preparados para o futuro que vem – inexoravelmente- em nossa direção?
Como nos prepararemos para enfrentarmos ele? Com certeza não será conseguimos bilhões para investir em mais petróleo da Petrobras... mas talvez se usarmos todo este dinheiro para treinarmos e equiparmos uma enorme tropa de super modernos guardas florestais movidos a helicópteros com combustíveis verdes e fotos de satélite em tempo real em parceria com Google?
Uma das razões da falta de coragem para colocar este papo na mesa e’ o fato de que numa população com problemas urgentes o voto e’ imediatista. Papo de futuro nao ganha eleição.
Outra razão e’ que o tema da sustentabilidade precisa de muitos outros aliados: legislação, bancos e empresários. A construção deste caminho não e’ uma tarefa que pode ser ganha somente pelo eleitor/consumidor, mas claro que podemos e temos que fazer a nossa parte.
E agora? Sem Marina, sobram Serra e Dilma.
Não interessa quem você escolha, mas não se esqueça de este futuro vem vindo bem em nossa direção e vamos ter que lidar com ele. Qual dos dois pode encarar esta da melhor forma? Pois o(a) próximo(a) presidente vai ter que encarar esta, de uma forma ou de outra...
PS:
Disto andou falando Pedro Passos, acionista e co-criador da Natura, para o
programa Grandes Líderes da Revista Exame. Valhe a pena dar uma olhada.
A questão é que a maior parte dos cidadãos não consegue ir à frente nesta reflexão, ainda enxerga esse cenário como muito distante.
ResponderExcluirAlém disso, enquanto boa parte do mercado ainda estiver preocupado apenas com muita rentabilidade e pouca sustentabilidade, será difícil mudar este panorama. Como bem disse Gilles Lipovetsky em recente entrevista para a FSP, "todas as esferas de vida estão subjugadas à lógica do mercado".