terça-feira, 30 de novembro de 2010

Inimaginável! Nossos maiores pecados ambientais são...

Qual são nossos maiores impactos ambientais cotidianos?


por Nelmara Arbex
O que se poderia fazer diariamente, relativamente simples, sem inviabilizar a vida, e que traria o maior impacto positivo para o meio-ambiente?
Esta foi a pergunta que me fez um amigo, como disse na postagem anterior.
Li daqui e dali, e cheguei a algumas conclusões interessantes: se falarmos de reduções de emissões, o nosso principal agente poluidor não e’ o carro de todos os dias, mas vem da rede de produção e distribuição que fazem e distribuem os produtos que compramos todos os dias, em casa, no trabalho. O impacto destes produtos e’ muito maior do que usar o carro na cidade ou viajar finais de semana. Comprar produtos que não são transportados de longe faz muita diferença. O mesmo raciocínio vale para a água. A maior parte da água que consumimos esta embutida na produção dos produtos que compramos.
Primeira conclusão: consumir menos e' a melhor forma de reduzir nossos impactos.
Mas o que será que consumimos que tem os maiores impactos ambientais?
Depois de muito perguntar, cheguei a dois blocos principais de produtos que são considerados os maiores causadores de impacto ambiental.

O primeiro grupo- alimentos! Não e’ surpreendente? Pois e’.
No grupo alimentos temos cálculos que demonstram que 70% da energia e água consumida no MUNDO, assim como da química com que empesteamos o meio-ambiente e’ causada pela produção de alimentos. E pior, nas grandes cidades mais desenvolvidas, apenas 50% do produzido e’ realmente consumido. O resto vira lixo, mesmo antes de chegar ao mercado. Isto significa que estamos plantando, empesteando, transportando, poluindo, mas não estamos comendo! Fazemos todo o ciclo para jogarmos fora!
Por quê? Uma parte e’ jogada fora porque não tem a aparência que o consumidor quer, que esta' ficando cada vez mais acostumado a alimentos lindinhos, sem perceber o tamanho desperdício que isto causa. Outra parte e' descartado por ser considerado “vencido”. Como se define o que esta' vencido? Na maior parte das vezes as próprias empresas definem a validade, que esta ficando cada vez mais curta, o que força os supermercados jogarem fora mais e comprar mais.
Estes números foram apresentados no documentário “Lixo Fresco” (Frisch auf den Muell). Sim, estamos falando de uma enorme operação global, que envolve transporte massivo de alimentos, químicas, etc, e.... para ser jogado no lixo. O documentário tambem pode ser visto no youtube.
Dai’ temos a primeira grande dica para esta família: compre comida não industrializada, e não jogue fora, e aprenda que a data de validade representa algo muito mais importante para o fabricante do que para o consumidor. (Pergunte ao PROCOM sobre definição de datas de validade e você vai descobrir um universo desconhecido.)

No segundo bloco: produtos que contenham alguma forma de componentes não biodegradáveis, e componentes químicos pesados.
A surpresa aqui não e’ tão grande. A lista de produtos a serem evitados começa com química caseira que não seja biodegradável, como cloro (cândida), creolina, sabão em pó, xampus, creme rinse, detergentes, tintura de cabelos, clareadores, etc. Mas a lista não para ai' não: plásticos, produtos eletro-eletrônicos são lixos químicos ambulantes, computadores, TVs, rádios, celulares, brinquedos eletrônicos, todas estas maquininhas são super tóxicas para produzir e para descartar. Para saber mais leia este documento.

Então o resumo no momento e’ este: quem come comida não industrializada, gosta da cara “natural e nem sempre linda” dos alimentos e não joga comida fora já sai na frente na guerra pelo planeta. Quem fica de olho nos selos biodegradáveis e evita comprar produtos contaminantes, faz outro golaço.
E ai’? Vai entrar nessa?

domingo, 21 de novembro de 2010

Qual seria a sua dica para esta família?




por Nelmara Arbex

Um amigo me perguntou o que eu recomendaria a uma família de classe média de uma cidade grande para mudar em seus hábitos e contribuir de forma significativa para redução da destruição ambiental. Deveria ser algo não tão difícil para fazer, mas que tivesse a maior chance de redução de impacto ambiental negativo.

Achei a pergunta difícil, fiquei imaginando se me perguntassem isto em público o que eu responderia.

E gostei da pergunta porque acho, como ele, que ninguém esta' a favor da destruição ambiental (*), mas que em geral não sabemos o que fazer para ter impacto significativo, sem mudar a vida que temos de forma radical em curto prazo. Ninguém se ajusta a mudanças radicais facilmente, nem quando elas são super positivas.

Pensei e cheguei a algumas conclusões muito óbvias, necessárias, mas muito genéricas, como por exemplo “consuma menos”, ou “deixe o carro em casa e vá de ônibus ou metro”, “consuma pouca água”. Apesar de tudo isto ir ao coração da questão, acho que o maior desafio seria dar uma dica que respondesse: o que se poderia fazer diariamente, que fosse relativamente simples, sem inviabilizar a vida mais ou menos como ela e', e que traria o maior impacto positivo.

Qual seria a sua dica?

Mais sobre minhas descobertas na próxima postagem.


(*)pensava que ninguém poderia imaginar destruir a natureza ate' eu descobrir que ha' grupos organizados de cidadãos americanos “pelo direito de destruir o planeta”... um deles se chama “drill baby drill” ... mas esta e' uma outra história. Ja' pensou se a moda ignorantepega?


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Não quer poluir aqui? Mande fazer na China!












por Nelmara Arbex

A ONG chamada WWF acaba de publicar um relatório chamado “China Ecological Footprint- Relatório 2010- Biocapacity, cities e desenvolvimento” que foi escrito em parceria com o conselho chinês para cooperação internacional para meio-ambiente e desenvolvimento. Um artigo mencionando o estudo foi publicado pela Folha.

Um das conclusões centrais e’ a confirmação de que o desenvolvimento econômico da China, como em qualquer outra economia do planeta, está poluindo em níveis que não podem ser re-absorvidos pelo meio-ambiente no território chinês. Ou seja, esta consumindo e poluindo acima de sua biocapacidade.

Apesar da China estar, juntamente com o Brasil, entre os países com maior biocapacidade no mundo e de ter conseguido aumentar a biocapacidade através de planejamento meticuloso da expansão e intensificação agrícolas, tudo isto não e’ suficiente para equilibrar as contas. Isto significa que em todo o mundo a natureza vai se alterar para acomodar este excesso de poluição.

E’ verdade que boa parte desta poluição e’ para produzir todos estes bens que estão a nossa volta todos os dias. 45% das importações de materiais na china são para produtos que serão exportados. Isto significa que a China esta usando a capacidade ecológica de seu território e de outras partes do globo para satisfazer nossos desejos e necessidades. A um alto custo para a população local e de outras regiões.

O governo chinês se comprometeu com metas expressivas de reduções de emissões, mesmo sendo um país que não contribuiu no total nos últimos 50 anos tanto quanto poluíram EUA, Alemanha e Inglaterra, por exemplo.

Negociações políticas a parte, a China (e os outros países poluidores) não pagara’ por esta conta sozinha. Todos nos pagaremos a conta. E’ assim que a mãe natureza funciona. Ela não vê os limites territoriais. Todo o sistema em todo lugar se reacomoda a todo momento. E todos nos vamos perceber.

Como o Brasil se “inspira” no modelo de desenvolvimento chinês, que e' o mesmo sendo implementado em todo o planeta nos ultimos 50 anos, seria muito bom se pudéssemos rever nosso modelo de desenvolvimento antes que chegássemos em situação parecida. Não sabemos produzir com impacto negativo zero em lugar nenhum, assim pagamos a conta em maior ou menor grau, por cada coisinha que produzimos e consumimos. No atual modelo de desenvolvimento (mais produção e mais consumo= desenvolvimento) esta conclusão e’ quase matemática.

Assim como todo planeta paga pela conta da destruição da Amazônia ou pela poluição das Águas.

E como temos somente um planeta, se para não poluirmos “em casa” mandamos fazer na China...pagamos a conta do mesmo jeito.

Biocapacidade em porcentagem da total do planeta.

source: Global Footprint Network, 2010

Brazil (14.1%)

U.S.A (11.3%)

China (9.5%)

Russia (7.6%)

Canada (4.7%)

India (3.6%)

Australia (3.0%)

Indonesia (2.5%)

Argentina (2.3%)

Bolivia (1.5%)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lixo nuclear: e se fosse herança do império romano?


por Nelmara Arbex


Acabou hoje. 92 horas de manifestação ininterrupta, cerca de 5000 velhos, jovens e crianças com colchões, comida e tudo. Em volta deles se revezam 20 mil policiais. Pelos trilhos do trem entre eles se aproximam 123 toneladas de material altamente radioativo, que ficara' guardado nos próximos 100 a 10000 anos em túneis profundos perto da cidadezinha de Gorleben na Alemanha. Um armazém provisório. Não ha' armazém definitivo.

O carregamento vem da França onde foi tratado e embalado para ser guardado, como manda a legislação internacional. Os manifestantes sabem que não podem devolver o lixo, que e’ deles. Se trata de atrasar o transporte e chamar atenção de todos para mais um carregamento recorde de contaminação. O custo do transporte chegou a 50 milhões de euros.
São 12 mil toneladas de lixo atômico produzidos por ano mundialmente. Não ha' o que fazer com ele. Ha' propostas de guardarmos este lixo na Antártida, ha' também a idéia de enviar tudo para o sol. Alguns elementos demoram 24mil anos para serem totalmente neutralizados, como o Plutônio. A parte mais leve precisa de cerca de 2mil anos. Este e' o tempo necessário de armazenamento. Se energia nuclear tivesse sido utilizada na época do império romano, somente em nossos tempos o lixo estaria parcialmente descontaminado. Este e’ o legado do nosso tempo `as próximas gerações.
O banco PNB Paribas esta’ também no foco das campanhas como um financiador de energia nuclear, inclusive no Brasil, onde a tecnologia que o Brasil tem direito a usar e’ considerada ultrapassada e perigosa.
Pode imaginar a nossa precária situação se os romanos tivessem desenvolvido esta tecnologia dois mil anos atrás? Que sorte a nossa que não conseguiram e não contaminaram todo o planeta! Os próximos habitantes do planeta já não terão tanta sorte.

E aí ? Vai energia atômica aí meu povo?




terça-feira, 2 de novembro de 2010

Recado para D. Dilma


por Nelmara Arbex

Excelentíssima senhora eleita presidente do Brasil, parabéns pela sua eleição!

Como mulher, não pude deixar de admirar o fato de que uma mulher esteja liderando este país, como o The Independent tão felizmente celebrou - juntamente com a imprensa mundial.

Tenho certeza de que todos os brasileiros estão torcendo para que a senhora faça um excelente governo. Que consiga combater a corrupção como nenhum homem foi capaz de fazer, que consiga proteger a saúde e a segurança da mulher como nenhum homem foi capaz de fazer, que consiga controlar o comércio de armas, que consiga fazer da escola pública uma celebração do aprendizado como era na minha época... e tantas outras coisas tão básicas e tão necessárias que nenhum homem ainda conseguiu fazer.

Guardarei com cuidado seu emocionado e comprometido discurso inaugural. Sem dúvida um documento que comprova suas melhores intenções.

E numa contribuição para a história da humanidade, espero que consiga colocar nossas melhores cabeças pensantes juntas para bolarmos um modelo de desenvolvimento que não signifique necessário aumento do consumo, da destruição do planeta e das proteções sociais.

E se em algum momento a senhora tiver alguma dúvida do quanto isto e’ necessário, de uma olhada neste contador de impacto humano sobre o planeta. E me diga se a senhora ainda teria alguma dúvida que estamos correndo contra todos os limites se continuamos com o modelo atual de desenvolvimento, se tem alguma dúvida que estamos comprometendo nosso futuro.

Principalmente agora, que o Brasil esta' se consagrando campeão de crescimento com este modelo, no mínimo, ultrapassado e alarmantemente destruidor... que so’ pode ser encarado e modificado se o governo resolver liderar as mudanças necessárias neste sentido.

Que a senhora e os 10 partidos que a apoiaram tenham coragem para fazer deste um excelente governo.


sábado, 30 de outubro de 2010

Urgente Avaaz - do "Ficha Limpa" ao 'Salve as baleias"




por Nelmara Arbex

E’ preciso agir super rápido, propõe o Avaaz (melhor se acostumar com este nome).

Este mesmo poderoso e inteligente site de ativismo cibernético que ajudou no’s brasileiros a fazermos a petição para mudança de legislação “campanha ficha limpa” está numa campanha emergencial internacional, por uma causa que eu apoio: a proteção das baleias.

O Avaaz está coletando assinaturas para mudar a legislação de internacional de caça `as baleias.

Não perca tempo, entre neste link, faca a sua parte, envie aos seus amigos.

E pense bem antes de votar amanhã...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Filminho para acordar candidatos: agronegócios, direitos humanos, desmatamento



por Nelmara Arbex

A TV alemã começou uma semana de documentários sobre a questão da produção de alimentos e sobre a fome. (Se quiserem saber mais, me escrevam.)

O filme de hoje “Hunger” (Fome) passa pelo Kenia – onde comunidades estão morrendo de fome porque os grandes produtores rurais desviam os leitos dos rios para irrigar campos de flores para exportação; pela Índia – onde os agricultores que plantam algodão transgênico comentem suicídio frente ao desespero da fome que inesperadamente os assola; pelo Haiti – onde a população não sabe ou não quer mais plantar nada e morre faminta ao redor de cidades sujas e paupérrimas; e claro, pelo Brasil.

Quando chega no Brasil o documentário visita enormes campos amazônicos recém saqueados pela retirada de madeira ilegal, depois os transformados em pasto, depois passa por iiiiimmmmeeeensssaaas plantações de soja e grãos. Quem tem duvida se o desmatamento esta avançando sobre a floresta –como eu tinha- vai se convencer depois destas cenas singelas.E de helicóptero localizam facilmente 600 hectares de floresta que recém viraram plantações, entre vários outros desmatamentos ilegais facílimos de ver.

O documentário entrevista ainda pequenos produtores locais amazônicos sendo escorraçados pelas grandes empresas agrícolas e coleta denuncias de assassinatos nas grandes plantações do Mato Grosso. Ainda entrevista o prefeito de Sorriso, que não tem duvida de que “o meio-ambiente esta ai' para servir o homem, que claro e’ soberano”.

Tudo ali na cara do telespectador. Nada de exageros. Tudo simplesmente mostrado. De fácil acesso. Qualquer cidadão poderia perguntar o que eles perguntaram. Qualquer candidato também.

E sabemos disto tudo, não e’ mesmo? O que podemos fazer para que o Brasil não seja esta imagem do pouco caso? O que planejam fazer os candidatos? E pensar que temas como estes foram um dia bandeiras do Partido dos Trabalhadores... me lembro muito bem.

As recentemente publicadas declarações de Dilma sobre “tolerancia zero com desmatador”, cheio de palavras fáceis e soluções rápidas não me convencem. Esta e’ uma situação gravíssima, sem solução fácil, mas que precisa ser urgentemente discutida e enfrentada.

Mas ainda não ouvi Serra falar sobre isto. Acho que foi corajoso quando quebrou a patente dos remédios para AIDS e conseguimos distribuir quase gratuitamente os medicamentos a pacientes brasileiros, com fabricação própria. Seria genial usar esta coragem para enfrentar os dilemas da área do desenvolvimento/grandes empresas X florestas X pequenos produtores. Mas parece que ele ainda esta precisando de uma bussola para acertar o rumo...

Um dia os desesperados pela miséria e pela fome (miséria definida em termos de falta de educação ou perspectivas) vão migrar e avançar sobre as populações mais ricas, e nada vai para’-los porque eles não tem mais nada a perder. Não acho que estamos longe deste momento. E’ preciso fazer algo para que isto não continue”. Assim termina o documentário, com as palavras da impressionante Suman Sahai – especialista na relação entre tecnologia genética e fome, que aparece na foto acima.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

de Boston - Prosperidade X Pegada ecológica




por Nelmara Arbex

Aqui estamos nós num auditório da Harvard Business School, umas 60 pessoas, discutindo como vamos desenhar uma ferramenta para podermos ter uma visão geral dos impactos sociais e ambientais das atividades empresariais. "Integrated reporting: An Action Plan".

Que tipo de relatório de impacto de atividades deveriam as empresas produzir para que pudéssemos reduzir a “pegada sócio- ecológica “ destas atividades, e talvez, podermos de verdade pensar em um modelo de desenvolvimento onde prosperidade não signifique destruição?

Concordamos que os relatórios de sustentabilidade atuais não estão cumprindo este papel, apesar de serem ferramentas poderosas para melhoria da gestão e de transparência – precisaríamos ter muito mais deles e em formatos melhor definidos para que cumprissem o papel que gostaríamos que cumprissem. Concordamos também que os atuais relatórios financeiros tampouco servem ao seu propósito. Além de muito a ser feito na definição do conteúdo deles (ambos), deveríamos– por exemplo- ser capazes de organizar a informação contida neles de uma forma internacionalmente aceita e de fácil acesso (talvez em tempo real, monitorada em todo o planeta ?).

Na sala estão os(as) líderes das organização de contadores e auditorias, representantes de fundos de investimento, especialistas da universidade de Harvard, líderes de ONGs globais ligadas a questão de relatórios de sustentabilidade, empresas, e outros interessados nesta conversa.

Papo super interessante. Boas cabeças ligadas. Mas so’ o começo de uma jornada que deve ainda levar uns 10 anos...

Malu Pinto,consistente pensadora e gestora dos temas de sustentabilidade reconhecida internacionalmente, do Banco Santander do Brasil, esta' tambem aqui. Com as antenas ligadíssimas.
ps: para saber mais sobre esta imagem clique aqui

domingo, 10 de outubro de 2010

Serra ou Dilma? Quem vai encarar esta de sustentabilidade?


por Nelmara Arbex

O desafio da sustentabilidade e’ um desafio bem simples: como continuamos crescendo e consumindo mais e melhor sem destruirmos tudo `a nossa volta? Sem que -para que paguemos preços baixos - precisemos ter trabalhadores famintos, semi-escravos, escravos ou crianças produzindo nossos produtos? Ou para que produtos em larga escala não estejam impregnados de tóxicos empesteando tudo, literalmente tudo,`a nossa volta?

Ninguém e’ contra a idea de repensarmos como estamos buscando “desenvolvimento”, mas o fato e’ que a civilização contemporânea se meteu numa enrascada, quando definiu crescimento ou desenvolvimento ou “bem estar” principalmente através do que se pode produzir, vender e comprar. Aí... bem, aí chegamos onde chegamos. Fontes naturais esgotadas, natureza intoxicada, animais em extinção e direitos humanos e trabalhistas ameaçados.

E agora temos que pensar como vamos sair desta. Filhos e netos que hoje tem 10 anos de idade ou menos já’ não verão a natureza como nós a conhecemos. Nem pensarão em petróleo como uma bênção. Nem poderão fingir que não sabem que preços baixos significam altos preços sociais e ambientais.

Toda esta conversa de sustentabilidade não e’ muito mais complicada do que isto. Não tem muito segredo.

Mas mudar o jogo todo vai precisar coragem e em época de eleição coragem e' o que falta.

Marina era sem duvida a candidata que melhor entende este dilema, ela e seus assessores. Mas nem ela colocou o dilema assim com todas as letras sobre a mesa. Será porque o eleitor não esta' preparado para este papo? Não estamos preparados para o futuro que vem – inexoravelmente- em nossa direção?

Como nos prepararemos para enfrentarmos ele? Com certeza não será conseguimos bilhões para investir em mais petróleo da Petrobras... mas talvez se usarmos todo este dinheiro para treinarmos e equiparmos uma enorme tropa de super modernos guardas florestais movidos a helicópteros com combustíveis verdes e fotos de satélite em tempo real em parceria com Google?

Uma das razões da falta de coragem para colocar este papo na mesa e’ o fato de que numa população com problemas urgentes o voto e’ imediatista. Papo de futuro nao ganha eleição.

Outra razão e’ que o tema da sustentabilidade precisa de muitos outros aliados: legislação, bancos e empresários. A construção deste caminho não e’ uma tarefa que pode ser ganha somente pelo eleitor/consumidor, mas claro que podemos e temos que fazer a nossa parte.

E agora? Sem Marina, sobram Serra e Dilma.

Não interessa quem você escolha, mas não se esqueça de este futuro vem vindo bem em nossa direção e vamos ter que lidar com ele. Qual dos dois pode encarar esta da melhor forma? Pois o(a) próximo(a) presidente vai ter que encarar esta, de uma forma ou de outra...

PS:
Disto andou falando Pedro Passos, acionista e co-criador da Natura, para o programa Grandes Líderes da Revista Exame. Valhe a pena dar uma olhada.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Planeta Lula: a etnia Xucuru que se cuide...





por Nelmara Arbex

“A maioria dos brasileiros acha que Lula mudou o país para melhor” ou “Lula redescobriu o Brasil” ou “Planeta Lula” ou “ O gigante adormecido acordou” ou ainda “ Brasil passou batido pela crise” – todas estas frases de efeito foram usadas na matéria de página inteira publicada ontem no maior jornal de Berlim -Der Tagespiegel- com o título “O gigante desperta”.

Depois deste início cheio de adjetivos para Lula, o jornalista Bernardo Gutierrez de Recife descreve o programa Luz para Todos, Minha casa, Bolsa Família, Fome Zero, etc.

“De onde vem o dinheiro para os programas?”, pergunta-se o jornalista, e induz: Por exemplo dos impostos arrecadados com o crescente agronegócio, como o plantio de soja. 70 milhões de toneladas no ultimo ano.

Aí o jornalista da’ espaço para o líder João Pedro Estedile do MST dizer que 46.911 donos de terras são donos de 50% das terras do Brasil. Para promover esta expansão utilizam pesticidas de forma generosa – O Brasil e’ campeão mundial em uso de pesticidas - e plantam a segunda maior área do planeta com sementes geneticamente manipuladas (apesar das restrições legais). O país teve 194 conflitos de terra somente no Nordeste neste ano de 2010, onde grandes proprietários de terra acabam de expulsar a etnia Xucuru de suas terras.

O jornalista conclui que a reforma agrária, os conflitos em torno da terra, a proteção da reservas naturais e dos povos indígenas não foram o forte da gestão Lula.

E assim segue o país como a oitava economia do planeta, com um dos mais influentes líderes mundiais a sua frente, que exportava 26% para os Estados Unidos – de frutas a aço, de granito a mesas – hoje exporta somente 10% aos norte-americanos, mas exporta 14% para China e outros tantos para África. Assim funciona o Planeta Lula, conclui o jornalista.

fotos de Bernardo Gutierrez, em Suape e em Caete, cidade onde Lula nasceu, para Der Tagespiegel

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Semana agitada: Mar Sargasso, energia limpa e cara, parques oceanicos

imagem - Getty Image for The Time magazine

por Nelmara Arbex

Claro que não e’ coincidência.

No mesmo dia que encontrei na banca a maravilhosa capa da The Economist com a arara brasileira voando sobre a Amazônia (veja postagem anterior neste blog), com textos super-bem feitos sobre a situações das florestas e potenciais soluções, haviam ainda duas outras revistas internacionais formadoras de opinião com capas cheias de sustentabilidade: Na capa da Time uma chamada para a matéria “Meio-ambiente especial: Os oceanos – porque 70% do nosso planeta esta em perigo” e a famosa alemã Der Spiegel dedicou boa parte do últimomero para “ O caro sonho da energia limpa”.

Um dos focos da Time são os projetos se a vida de Sylvia Earle dedicada a vida nos oceanos. Ela tem uma proposta: criar áreas de preservação oceânicas como fizemos com as florestas. E ela tem uma grande esperança, o Mar de Sargasso e os Hope Spots.

O foco da Der Spiegel e’ a decisão do governo alemão de ter o ano de 2050 como meta para que todo o pais seja movido por energia eólica, solar, hidroelétrica e biomassa. Claro que a conclusão e’ que a conta e’ alta, mas pode ser mais barata se o modelo for muitas, pequenas e descentralizadas usinas.

Claro que não e’ coincidência. E’ que soluções para a questão ambiental e’ o tema do século.

A questão ambiental, as soluções que implementarmos – ou não- vão definir nossas vidas de uma forma que ainda nem podemos imaginar, onde vivemos, o que comemos, que doenças teremos. Não ha' nenhuma chance de não enfrentarmos isto. Melhor começarmos a encarar esta.


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Amazonia e a chance perdida por Delfim Netto!


por Nelmara Arbex

Fiquei bastante mal impressionada com a coluna do Delfim Netto na Carta Capital do ultimo 25 de agosto intitulada “Mais uma indecência”. Na coluna o normalmente bem-informado Delfim Netto questiona a conexão ente desmatamento e mudança climática (fazendo coro com os lobistas petroleiros norte-americanos), acusa ONGs brasileiras de estarem defendendo a desnacionalização da Amazonia por denunciarem o desmatamento e tenta defender a tese de que o Brasil não e’ um grande devastador usando dados da cobertura florestal a 8 mil anos (!) atrás. Você vai poder ler uma resposta dada a este artigo por Roberto Waack no site Sustentabilidade Com Pimenta ainda esta semana.

Sobre o mesmo tema, dei de cara na ultima sexta com a capa da The Economist com uma enorme arara super-colorida voando sobre a Amazonia. O título da matéria era “ O pulmão do mundo – como salvar as florestas”- uma reportagem especial de 14 paginas. Um dos textos dedicado ao Brasil se chama “Menos fumaça – Brasil, o maior devastador de florestas do planeta esta mudando seu rumo”. Os jornalistas apresentam os dados da devastação, os esforços para redução do desmatamento, mas concluem “IBAMA tem apenas 6 helicópteros, e apesar das multas que foram amplamente distribuídas aos desmatadores, menos de 10% as pagaram. Diante desta impunidade por que não devastar?”.

A matéria trata ainda do fato de que “para a devastação já não e’ mais papo de estrangeiros- são os cientistas brasileiros que agora já tem dados para dizer que a floresta esta no seu limite” e que 40% das emissões de carbono brasileiras vem da devastação e queima.

E termina “ Se os lideres brasileiros escolhem limpar o caminho para a proteção das florestas, eles não estarão fazendo somente um favor ao mundo mas também poderiam trazer benefícios imensos para a própria economia do pais”.

Terminei a leitura pensando que um economista do calibre do Dr. Delfim Netto tinha perdido uma grande chance. Ele poderia dedicar sua coluna a fazer uma analise dos benefícios que a economia do país terá se tiver uma política futurista para o desenvolvimento sustentável da Amazonia. Mas, esta ele perdeu... deixou para a "The Economist" bater esta bola.

Uma pena...


domingo, 19 de setembro de 2010

Green Porno!


por Nelmara Arbex

Esta e' para relaxar no meio deste papo de eleicoes: enquanto me preparava num hotel em Bruxelas para uma reuniao de Responsabilidade Corporativa com representantes da Comunidade Europeia, vi na TV uma entrevista com Isabella Rosellini. Realmente inesperado,... ela falava de "Green Porno".

"Green Porno" e' um delicioso exemplo de como gente talentosa pode sempre surpreender. Isabella Rosellini, acompanhada de um diretor e um biologo, conseguiu colocar na tela uma serie de roteiros "pornos" feitos por ela.

Alem de super educativos, mostrando uma nova e super sexi perspectiva sobre sexo animal (muitas vezes fazendo no's humanos parecerem bem sem graca) da' ainda -quando relevante- licoes sobre sustentabilidade neste ambiente artistico tao improvavel.

Nao perca! Todos sao muito bons!
Comece com o "Sexo das lulas (squid)", ou "dos camaroes (shrimp)", mas nao perca o dos percevejos (bedbug), e das moscas (fly) - com ela sorrindo feliz como mosca macho, e' imperdivel.

Mas ha' de tudo! Minhocas, Anchovas,... Sao tantos videozinhos! Diversao para horas! Estao todos neste site dedicado `a iniciativa: Green Porno.




segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Produtos nao-toxicos, candidatos?



por Nelmara Arbex

A maior revolucao industrial da historia acontecera no dia em que produtos considerados toxicos forem terminantemente proibidos de serem utilizados na fabricacao de todos os bens de consumo - do alimento ao cosmeticos, passando por produtos de limpeza a eletrodomesticos, roupas de cama-mesa-banho e moda. Nao deixando de fora materiais de construcao e quimicos agricolas.

Voce pensava que ja era assim? Se enganou!
Fontes internacionais dizem que a disseminacao de toxicos em nosso dia-a-dia esta fora de controle, em areas urbanas, rurais e florestais.

Muito foi feito nas ultimas decadas para alertar os consumidores sobre a quantidade de produtos toxicos que consumimos e levamos para dentro de casa sem sabermos. Estes produtos nao estao somente entrando fundo dentro de nossos corpos e nossas vidas, mais ainda estao empesteando os mares, rios e pontos longiguos do planeta.

Sobre isto trata de forma bacana um relatorio do Greenpeace, publicado no ultimo fevereiro com o titulo "Limpando nossas casas quimicas - mudando o mercado para produzir produtos nao-toxicos" (Cleaning up our chemical homes). Ha muito mais sobre isto em outras paginas do site como a campanha "For a free toxic future".

No relatorio estao analises de produtos que povoam nosso dia-a-dia: produtos de limpeza, moda infantil, televisores, colchoes, roupas de cama, brinquedos, tintas, celulares, e por ai vao.

Sera que nossas empresas brasileiras responsaveis tem peito para encarar esta? Estariam elas prontas para fazer uma revisao profunda das materias-primas de seus produtos e servicos e sair na frente desta mudanca tao necessaria? Faze-los biodegradaveis?

Mais do que na hora de colocarmos o tema na mesa do nosso pais de cada vez mais vorazes consumidores. Tema estrategico para consumidores, empresarios e candidatos.

E ai senhores candidatos? Vamos falar de produtos nao-toxicos? Ou vamos deixar este tema tambem para filhos e netos resolverem?


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nao vote neles se nao forem transparentes!



por Nelmara Arbex

Fico sabendo por Carmen Nascimento que o TRE nao esta divulgando a lista dos deputados e senadores que respondem processo na justica. Eles ainda nao foram julgados, mas seus atos sao considerados suspeitos. Lembram da mocao assinada por milhares de brasileiros que fizeram o congresso ser obrigado a aceita-la - o Ficha Limpa?

Vamos fazer jus a esta belissima iniciativa de cidadaos brasileiros, contra o roubo, nao somente do nosso dinheiro publico, mas da dignidade de nossas instituicoes democraticas que nos custaram mais de 30 anos de muito suor para construir.

Aqui esta a lista que o TRE nao quer divulgar! Divulgada na integra pelo GELEDES, o instituto da mulher negra.

Imprima, passe para frente, leia atentamente, divulgue!

Transparencia e prestacao de contas sao principios fundamentais para uma sociedade que tera que compartilhar gerenciamento de recursos e busca de solucoes. Instituicoes democraticas povoadas por cidadaos que tem estes principios sera parte do nosso desafio na construcao de uma sociedade sustentavel.

Maos`a obra! Hora do voto!


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Desafios do novo presidente


por Nelmara Arbex

E' bom comercarmos nos acostumarmos, meio-ambiente nao e' somente o tema destas eleicoes, mas o tema do milenio!

Alertada pelo artigo de Luciano Martins Costa na revista eletronica Envolverde de ontem, fui checar o caderno sobre os desafios ambientais para o presidente.

Boa esta iniciativa do Estadao de colocar o tema ambiental no nivel certo nestas eleicoes! Principalmente para o eleitor comecar a pensar grande e exigir mais quando o tema e' este. De uma olhada nesta pagina de primeiro de setembro e nos links ali.

Ha' tambem uma pagina para as outras reportagens envolvendo a questao ambiental - que pode ir desde planejamento urbano, distribuicao e tratamento de agua, passar pela questao do pre-sal, das usinas nucleares, agro-negocios e protecao das florestas.

E' bom comercarmos nos acostumarmos, este nao e' somente o tema das eleicoes, mas o tema do milenio!


sábado, 28 de agosto de 2010

Eleicoes: Faltam os temas cabeludos da area ambiental!


por Nelmara Arbex

Nem a presenca de Marina Silva esta servindo para fazer uma discussao publica do quanto nosso presente e futuro dependem de politicas ambientais e planejamento do desenvolvimento rural/florestal/urbano. Na minha opiniao o tema esta sem foco estrategico, sem pimenta e sem "um pensar grande". E o tema e' critico, mesmo que nao falem dele.

Para comecar, de uma olhada no site ECOA que apresentou um pequeno resumo do que os candidatos falaram sobre as questoes ambientais quando abordados pelos jornalistas do Jornal Nacional entre os dias 10 e 12 de agosto. Ou va ao site "Noticias Agricolas" para um resumo ddas propostas dos principais candidatos na area ambiental. De uma olhada no papo fraco, fraquissimo para a importancia estrategica que o tem e tera' no Brasil nos proximos anos.

No dia 15 Marina Silva foi ao Forum Amazonia Sustentavel e mencionou a falta de politicas estrategicas nesta area e criticou o projeto de Belo Monte. Fala-se da preservacao da floresta, ou de mudancas climaticas, como se fosse algo que nao esta ligado ao nosso cotidiano de frota semi-movida a diesel, gas natural e gasolina, nem de queimadas...

Na minha humilde inquietacao fico pensando em questoes bem mais cabeludas:

Que tal discutirmos se deveria o Brasil continuar a planejar a exploracao do petroleo na regiao do pre-sal, a 7000 metros de profundidade, onde nenhum equipamento podera ser consertado por causa da altissima pressao? So para lembrar que esta em risco o litoral de Santa catarina ao Espirito Santo, num pais onde 80% de sua populacao vive a 200 km da costa.
Tudo isto para o Brasil ser auto-suficiente em petroleo. Queremos ser auto-suficientes em Petroleo?
Ou queremos usar os impostos para investirmos em outro tipo de energia limpa?

Queremos que a Petrobras capte recursos com investidores internacionais para o pre-sal ou para um mega projeto educacional para contruir no pais grandes centros de aprendizado tecnico formando a nova geracao planetaria de especialistas em producao de energia limpa, possibilitando uma grande virada nesta area? E na area da educacao brasileira?

Queremos mais energia nuclear? Ou menos? O que vamos fazer com o lixo atomico?

Ou que tal comecarmos a falar sobre quanto territorio queremos planejar para o crescimento urbano, para plantacoes rurais e para florestas? Ou podemos deixar nossos centros urbanos crescerem como Sao Paulo, que traga agua desde 300 km de distancia para poder existir? Ou podemos desmatar para plantar graos se os precos forem bons? Vamos destruir biomas se pagarem bem?

Por que o Delfim Netto acha "uma indecencia" dizer que o Brasil e' o maior devastador de florestas da atualidade? (Leia na revista Carta Capital - 25 agosto 2010) Somos? Nao somos? Podemos continuar como estamos?

Ou ainda - quanto de produtos agricola vamos seguir exportando, junto com o uso intensivo da agua que esta embutida nesses processos produtivos? Quais impactos ambientais devemos gerenciar se conctinuamos a fazer isto? e se aumentarmos o plantio de sementes geneticamente manipuladas?

Vamos discutir qual conhecimento tecnico o Brasil deve adquirir nos proximos 5-10 anos para podermos estarmos preparados para um futuro - do pais e do planeta - que precisara de inovacoes e novas tecnologias ambientais? Quantos tecnicos(as) devemos formar nestas novas area? Podemos planejar para isto?

Podemos planejar ter agua potavel e saneamento basico para todos os brasileiros? Pra quando?

Pois e'... nesta minha fantasia... temas grandes e quentes nao faltam para serem discutidos.



ps1: o Diario de Natal do dia 30 de agosto considerar que o tema nunca esteve tao popular como nesta eleicao.

ps2: Em agosto SOS Mata Atlantica lancou para debate com os candidatos uma plataforma de propostas de protecao aos principais biomas.



Qual sera' o salario dos candidatos eleitos?




por Nelmara Arbex

Adoro horario eleitoral. Acho ali representada em muitas das suas cores "a cara do Brasil", como disse um amigo certa vez. (Apesar desta expressao tao nacional, um fato a se constatar e' a baixissima apresentacao de candidatas mulheres aos cargos de deputados, que nao chegam perto dos cerca de 50% que somos da populacao. Acho este um dado revelador e alarmante.)

Gostei das vinhetas que explicam o papel do presidente, do vice, dos deputados federais e estaduais. Mas achei que ficou faltando uma informacao essencial para o eleitor e contribuinte brasileiro: quanto e' o salario do presidente? E do vice? E de um deputado federal? E dos estaduais? Ha' diferencas salariais entre os estados? Que tamanho tem suas equipes de trabalho? Qual o salario medio dos que trabalham para eles?

Se voce fizer uma busca pelo google "salario deputado federal", vai encontrar links antigos e varias respostas bem evasivas. A mais explicativa e recente - postada no ultimo ano- achei neste link para um blog do jornal "O Globo", ha tambem uma explicacao curta neste outro link. Ja' a busca "salario presidente do Brasil" nao encontrou resposta. Nada factual sobre o tema foi postado na internet nos ultimos 12 meses.

Uma boa dica de que esta informacao ainda nao e' tao publica assim e' dada pelo artigo postado dia 20 de julho no site da ONG Contas Abertas, que se propoe a rastrear o que e' feito dos nossos impostos. No artigo o autor, Gil Castello Branco, apela aos governos para declararem os salarios dos funcionarios publicos.

Mais uma razao para completar as vinhetas da TV Globo e outras midias com esta informacao tao necessaria.

Ou sera' que estou mal-informada?



terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Brasil queima, ...e dai?




por Nelmara Arbex

Assisto impressionada aos noticiarios sobre as queimadas e incendios que se espalham por todo o Brasil, do Tocantins ao Para, de Manaus ao Rio. Somente nos ultimos dias - ontem e hoje- as noticias sao sobre os mais de 5 mil focos de incendio no Para, sobre os parques nacionais em chamas descontroladas no Rio e em Goias, sobre o fato de que Manaus esta com os aeroportos fechados por causa da fumaca, sobre a cidade de Macelandia totalmente destruida pelo fogo ... e assim poderia continuar com uma lista enorme de catastrofes causadas principalmente pela acao do homem ignorante, num momento climatico com umidade do ar inferior ao deserto do Sahara.

Estas catastrofes brasileiras - e planetaria - sao maiores em area e dimensoes do que as que assistimos na Europa nos ultimos meses na Italia, Grecia ou Espanha e comparaveis `a da Russia neste momento, onde mais de 120 cidades foram destruidas pelo fogo (provavelmente nao causado por acao humana) no ultimo mes, enfrentando temperaturas acima de 40 graus e a mesma baixa umidade no ar que estamos enfrentando nestas regioes do Brasil.

Na Europa e na Russia estas catastrofes foram tratadas como tal, com pronunciamentos diarios do presidentes/primeiros ministros dos paises e seus gabinetes, com boletins diarios dos resultados obtidos a cada dia e dos problemas enfrentados, assim como fazem pedidos desesperados de ajuda para outros paises. Ontem o presidente russo pediu publicamente ajuda aos milionarios daquele pais para organizar recursos para conter os incendios devastadores.

O crime-catastrofe brasileiro passa pelos noticiarios em segundo plano. Nao ha' presidente ou ministro se colocando publicamente como um lider a frente da batalha de controlar o fogo, seus causadores, e a destruicao que estamos assistindo. Ninguem tem em suas atribuicoes de ministro ou presidente a responsabilidade de proteger este nosso patrimonio de acoes criminosas ou climaticas. Como se nada valhesse ou afetasse.

Nada. Absurdo silencio em terra de espectadores mudos.
Nos acostumamos a ver a nossa terra e parques e florestas queimar?
Ou sera o tema quente demais para o Presidente Lula? E para os candidatos?

Afinal, quem se importa mesmo se nosso patrimonio queima longe dos nossos olhos?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Categoria: "cerveja sustentavel"



por Nelmara Arbex

"Greenopia - experts in green leaving" e' uma iniciativa que categoriza produtos segundo uma escala de compromisso com a sustentabilidade, principalmente a protecao ambiental.

Acabam de publicar o resultado do ranqueamento das cervejarias. Quem ganhou? A cervejaria "New Belgium" . Entre as praticas de excelencia foram citadas: o emprego de fornecedores locais para embalagens, uso eficiente de materias-primas, publicacao de detalhado relatorio ambiental, producao de cerveja organica, e o comprometimento com a cultura do ciclismo.

Greenopia acredita que muitas cervejarias poderiam ter chegado a pontuacoes mais altas se publicassem mais dados socio-ambientais sobre suas praticas.

As cervejarias Coors, Guinness, Heineken, Sam Adams e Tecate receberam zero pontos!
Sera que as cervejarias brasileiras poderiam entrar neste pareo? Com certeza nossas cervejarias estariam desclassificadas nas eliminatorias, se etica na comunicacao do produto e respeito a mulher fosse pontuados...

E sera que o nosso "akatu" encara esta e testa o indice de responsabilidade da nossa cerveja?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Campanha Brasileira - um orgulho!

Por um mundo em acao - Avaaz.org

por Nelmara Arbex

Uau! A noticia e' no minimo impressionante: brasileiros tiveram uma vitoria historica contra o congresso usando o ativismo dos internautas! Esta em todos os jornais do mundo, "Le Monde", "The Economist", "Times" e nas noticias do site Avaaz.org, uma novidade poderosa no mundo interconectado.

Avaaz.org e' um site de ativismo cibernetico. Atraves deste site pode-se propor campanhas para participacao de qualquer cidadao do mundo. Ele tem paginas traduzidas para o portugues. La esta escrito "A Avaaz tem uma missão simples e democrática: acabar com a lacuna entre o mundo em que vivemos e o que todos queremos. Os desafios são grandes -- mas juntos, pouco a pouco, nós estamos mudando o mundo."

Uma super-ferramenta para construirmos um mundo melhor!

A noticia que esta estampada em muitos jornais do mundo - que pode fazer qualquer brasileiro se sentir orgulhoso- foi espalhada por um email noticia que o site distribui para seus assinantes. Neste email foi noticiado "A massive online campaign by the Avaaz community in Brazil has just won a stunning victory against corruption" ( Uma massiva campanha on-line feita pela comunidade Avaaz no Brasil acaba de marcar uma vitoria espetacular contra a corrupcao). O texto trata da campanha que arrecadou 2 milhoes de assinaturas para fazer passar a peticao "ficha limpa" no congresso brasileiro, que veta a participacao de pessoas julgadas culpadas ou emprocesso de investigacao como candidatos as eleicoes. Se transformada em lei "ficha limpa" desqualificara cerca de 800 candidatos ja na proxima eleição.

Vale dizer que esta petição não representava em nada os interesses do congresso brasileiro, descrito no "The economist" como um congresso do "crime organizado" onde 147 dos 513 membros estao enfrentando processos na suprema corte ou estao sob investigacao, assim como estao 21 dos 81 senadores.

Nada mal para um pais de baixa distribuição de renda e analfabetismo funcional! Parabéns a todos que participaram da campanha e vao ficar na cola do congresso ate virar lei!

E parabéns a Ricken, Luis, Graziela, David, Ben, Maria Paz, Benjamin e todo o Avaaz Team, que sao mencionados no site como coordenadores desta campanha.

E ai? qual a campanha que voce acha que valhe a pena fazer para melhorar o presente e futuro deste pais?

Para saber mais:

The Economist, "Cleaning up. A campaign against corruption":
http://www.avaaz.org/economist_ficha_limpa

The Rio Times, "Anti-Corruption Law in Effect This Year":
http://www.avaaz.org/rio_times_ficha_limpa

The story of Brazil's Clean Record law has yet to be told widely in English language media. Here are a few stories in other languages that capture the campaign:

Le Monde, "Operation "clean sheet" in Brazil": (French)
http://www.avaaz.org/le_monde_ficha_limpa

Correio Braziliense, "The arrival of 2.0 activists": (Portuguese)
http://www.avaaz.org/correio_braziliense_2_0

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cosmeticos - hora de descascar este pepino







por Nelmara Arbe
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Vale a pena dar uma olhada: um videozinho curtinho e direto ao ponto sobre o uso e abuso de toxicos na industria cosmetica foi lancado por Annie Leonard ( a mesma de "Story of Stuff", que esta na sessao de Recomendamos no site Sustentabilidade Com Pimenta) com o nome "Story of Cosmetics".

O video trata da quantidade de substancias toxicas que entramos em contatos todos os dias atraves do uso dos produtos cosmeticos. Uma novidade importante e' a clara critica e mencao a certas marcas internacionais que, por exemplo, tem a pachorra de oferecer parte do lucro arrecadado com o produto para campanha de prevencao do cancer ao mesmo tempo que usa substancias canceriginas nos produtos !

O video tambem fala de marcas norte-americanas que estao tentando lidar com este problema, "desintoxicando" seus produtos, tudo parte do lancamento da "Campanha por Cosmeticos Seguros".

Legislacao antiquada e falta de pesquisa para protecao do consumidor resulta em enormes quantidades toxicas que sao absorvidas por adultos e criancas nos seus banheiros.

Bom tema para o consumidor brasileiro, consumidor cada vez mais assiduo de produtos cosmeticos e de beleza, que deve se informar e consumir marcas comprometidas com a saude do consumidor. Claro.

Qual voce vai escolher da proxima vez?


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Contadores, auditores, Principe Charles e a sustentabilidade

Londres na ultima quinta-feira

por Nelmara Arbex

Em Londres, na ultima quinta-feira, estive num evento na sede da empresa Aviva no lancamento de um livro sobre praticas sustentaveis de organizacoes. Papo antigo, nao?

Estavam presentes Mark Hammond, contando a experiencia sobre implementacao de praticas sustentaveis na regiao de Sussex; Russel Picot, contador chefe do grupo HSBC; Neil Sachdev, diretor comercial da Sainsbury e Jeffrey Unerman da Universidade de Manchester. Depois de tantos anos trabalhando na area de responsabilidade empresarial e sustentabilidade, as apresentacoes nao me surpreenderam pelo conteudo.

Mas a grande novidade estava na audiencia, um grupo de experientes contadores e auditores querendo saber mais sobre a "novidade" dos relatorios empresariais. Organizado pela "Accounting for Sustainability", cujo patrono e' o Principe Charles, o evento atraiu representantes das empresas de contabilidade e auditoria ingleses, conhecidos como o centro do cla destes profissionais.

Na maioria bastante ceticos, aparentemente foram atraidos pelo valor que os auditores podem agregar `a questao das medidas e parametros de comparacao das praticas sustentaveis.

Serao estes os profissionais a nos ajudarem a subir a escala da coleta de informacao relevante e comparacao de praticas? Muitos duvidam. Mas a novidade e' no minimo notavel, e se tornara poderosa se continuar sendo apoiada firmemente pelo seu patrono, novo ator no campo dos relatorios de sustentabilidade, sua alteza o Principe.